Amigos do Fingidor

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Bolero's Bar 22

Castigo 

Zemaria Pinto


Aí um dia você explode. Joga todo o peso das costas pelos ares. E fica leve como o pó que flutua na réstia de luz. Porque, quando você se dá conta da bobagem que fez, você é apenas isso: poeira, sordidez, porcaria, lixo. E tudo começa com uma briguinha. Aliás, com um acúmulo de briguinhas. Na verdade, o fim começa quando você cansa do monturo de briguinhas acumuladas por anos. Voltar é um verbo que eu não conjugo. Orgulho e castigo. Parece título de romance antigo. Ah, se a gente já nascesse sabendo. Quanta lágrima seria evitada.   

 Castigo (1958), de Dolores Duran (Rio de Janeiro, 1930-1959). Samba-canção.

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