Pedro
Lucas Lindoso
Uma das
primeiras lições que o estudante de Direito aprende, é o aforismo “ubi
societas, ibi jus”. Expressão também usada “Ubi homo ibi societas; ubi
societas, ibi jus”: “Onde há homem, há sociedade; onde há sociedade, há Direito”.
Para a
famosa antropóloga americana, já falecida, Margaret Mead a primeira evidência
de civilização foi um fêmur fraturado de 15.000 anos encontrado em um sítio
arqueológico. Leva-se em média cerca de seis semanas de descanso para a
cicatrização de uma fratura de fêmur.
Alguém
cuidou dessa pessoa. O osso quebrado foi curado. Talvez aí tenha também nascido
o Direito. A vida é um direito garantido por lei. O direito à vida é o mais
importante e mais discutido dentre todos os direitos abarcados pelo Código
Civil Brasileiro e pela Constituição Federal.
Algum homo
sapiens cuidou de seu semelhante, levando-o provavelmente para uma caverna
e dando-lhe comida e assistência até sua recuperação. Deve ter sido um líder,
um chefe ou um pai de família.
O
processo civilizatório evoluiu e o homem, deixando de ser nômade, instala-se em
pequenas comunidades. Depois vieram as vilas, cidades, as metrópoles e, hoje,
as megalópoles.
As
pandemias, como essa do coronavírus, ficavam restritas às pequenas comunidades,
depois aos países e continentes. Até pouco tempo, a distância entre os países
era medida em dias, meses e até anos. Meu avô libanês Daou emigrou para o
Brasil com três irmãos no início do século passado. A única irmã deles, tia
Amine emigrou para a longínqua Nova Zelândia com o marido. Na década de 1930,
uma carta de Manaus para Auckland, via Rio de Janeiro e Londres, levava de seis
meses até um ano.
Hoje
falamos com os primos neozelandeses por e-mail e facebook. A comunicação virou
instantânea. Os vírus e as epidemias também viajam com rapidez. Jatos de Paris
ao Rio. De Nova Iorque a Pequim. De Londres a Sidney, varrem os céus levando
passageiros, alegrias, tristezas e toda espécie de vírus e enfermidades.
Essa
pandemia tem ceifado muitas vidas. Como o primitivo homem que fraturou o fêmur,
todos temos direito à saúde e à vida. Hoje o problema é mundial. Precisamos de
líderes para cuidar não só de uma perna, mas de milhões de infectados por esse
terrível vírus.
Quanto
ao Facebook, tenho evitado abri-lo. Há os amigos dos amigos e conhecidos
postando notícias de luto e perdas diariamente. Facebook virou faceluto. Xô corona.