Amigos do Fingidor

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Paixão por livros ou Não se lê por osmose

 Pedro Lucas Lindoso

 

Meu amigo Chaguinhas tem uma teoria de que os dinossauros foram extintos da Terra porque não liam livros. Nestes tempos de pandemia a leitura e o amor pelos livros e pela ciência foi fundamental. Em todos os aspectos. Os livros me ajudaram muito no período de isolamento social. E os vizinhos nem reclamam, mesmo se você resolver ler em voz alta. Já uma amiga de Brasília foi solicitada pelos vizinhos a não tocar tanto piano. Apesar de ser exímia pianista começou a incomodá-los.

Sou de uma família de apaixonados por livros. Meu pai ia às livrarias todos os sábados pela manhã. Quando menino, morei na rua Henrique Martins aqui em Manaus. A rua das livrarias. Será que meu pai teria comprado a casa por esse motivo?  Na década de sessenta os livros chegavam “fechados”, com as folhas dobradas. O livro é uma coleção de folhas de papel impressas. Essas folhas são dobradas e reunidas em cadernos cujos dorsos são unidos por cola ou costura. Os leitores antigos tinham necessidade de abrir as folhas usando uma espátula. Abri muitos livros. Fui ensinado a ter cuidado. Parece estranho, mas preciso explicar isso para os leitores jovens. Só conhecem livros com folhas todas já cortadas. E hoje só fazem leitura pelo tablet ou computador.

Nem sempre foi fácil e barato ter um livro. Os primeiros livros foram feitos pelos sumérios, cuja civilização tem seu auge por volta do século quarto antes de Cristo. Textos que tratavam de leis e religião. E também de lendas e poemas. Os Sumérios falavam uma das línguas mais antigas do mundo.

Até a Idade Média os livros eram muito caros e inacessíveis. Feitos a mão. Tudo mudou com a impressão do primeiro livro impresso do mundo. Em setembro de 1452 foi impressa a Bíblia de Johannes Gutenberg, na cidade de Mainz, na Alemanha.

E isso mudou tudo. Antes de Gutemberg não era fácil tampouco barato ter um livro. Os Contos de Cantuária, The Canterbury Tales, em Inglês, foram escritos por Geoffrey Chaucer. São uma coleção de histórias em prosa e em verso. Foi escrito ainda na Idade Média, no final do século 14. Chaucer é anterior a Shakespeare. O livro é um marco da Literatura Inglesa. Meu personagem favorito é o Monge. Fui professor muito anos e me identifico com ele. Dizia aprender com alegria e ensinar com alegria. Tinha a maior biblioteca da comunidade. E pasmem! Tinha orgulho de seus seis livros!

A nossa casa da Henrique Martins agasalhava a biblioteca de meu pai logo no primeiro cômodo. Em Brasília havia livros nos corredores do apartamento e no meu quarto. Dormi entre e até embaixo de livros. Aprendi a ler sempre. Aprendi a amar os livros. Mas não se enganem. Não se lê nem se aprende por osmose.