Pedro Lucas Lindoso
Meu
amigo Chaguinhas tem uma teoria de que os dinossauros foram extintos da Terra
porque não liam livros. Nestes tempos de pandemia a leitura e o amor pelos
livros e pela ciência foi fundamental. Em todos os aspectos. Os livros me
ajudaram muito no período de isolamento social. E os vizinhos nem reclamam,
mesmo se você resolver ler em voz alta. Já uma amiga de Brasília foi solicitada
pelos vizinhos a não tocar tanto piano. Apesar de ser exímia pianista começou a
incomodá-los.
Sou de
uma família de apaixonados por livros. Meu pai ia às livrarias todos os sábados
pela manhã. Quando menino, morei na rua Henrique Martins aqui em Manaus. A rua
das livrarias. Será que meu pai teria comprado a casa por esse motivo? Na década de sessenta os livros chegavam
“fechados”, com as folhas dobradas. O livro é uma coleção de folhas de papel
impressas. Essas folhas são dobradas e reunidas em cadernos cujos dorsos são
unidos por cola ou costura. Os leitores antigos tinham necessidade de abrir as
folhas usando uma espátula. Abri muitos livros. Fui ensinado a ter cuidado.
Parece estranho, mas preciso explicar isso para os leitores jovens. Só conhecem
livros com folhas todas já cortadas. E hoje só fazem leitura pelo tablet ou
computador.
Nem
sempre foi fácil e barato ter um livro. Os primeiros livros foram feitos pelos
sumérios, cuja civilização tem seu auge por volta do século quarto antes de
Cristo. Textos que tratavam de leis e religião. E também de lendas e poemas. Os
Sumérios falavam uma das línguas mais antigas do mundo.
Até a
Idade Média os livros eram muito caros e inacessíveis. Feitos a mão. Tudo mudou
com a impressão do primeiro livro impresso do mundo. Em setembro de 1452 foi
impressa a Bíblia de Johannes Gutenberg, na cidade de Mainz, na Alemanha.
E isso
mudou tudo. Antes de Gutemberg não era fácil tampouco barato ter um livro. Os
Contos de Cantuária, The Canterbury Tales, em Inglês, foram escritos
por Geoffrey Chaucer. São uma coleção de histórias em prosa e em verso. Foi
escrito ainda na Idade Média, no final do século 14. Chaucer é anterior a
Shakespeare. O livro é um marco da Literatura Inglesa. Meu personagem favorito
é o Monge. Fui professor muito anos e me identifico com ele. Dizia aprender com
alegria e ensinar com alegria. Tinha a maior biblioteca da comunidade. E
pasmem! Tinha orgulho de seus seis livros!
A nossa
casa da Henrique Martins agasalhava a biblioteca de meu pai logo no primeiro
cômodo. Em Brasília havia livros nos corredores do apartamento e no meu quarto.
Dormi entre e até embaixo de livros. Aprendi a ler sempre. Aprendi a amar os
livros. Mas não se enganem. Não se lê nem se aprende por osmose.