Pedro Lucas Lindoso
Quando
minha filha Marina, que é brasiliense, mudou-se para Manaus, ao constatar que
aqui o fuso era uma hora a menos, comentou:
– Agora
entendo perfeitamente as chamadas do Jornal Nacional. Informam que será
apresentado as oito e meia, horário de Brasília. Em Manaus, assistimos às sete
e meia.
Isso
porque foi abolido o horário de verão. Nesses meses a diferença era de duas
horas.
Trabalhei
numa empresa carioca. No verão, quando nosso expediente começava aqui em
Manaus, as oito da manhã, já eram dez horas no Rio. Era preciso estar atento,
se desejássemos falar com alguém por lá. Dez horas já era meio-dia e as pessoas
iam almoçar. Quando se retornava, pela tarde, por volta das duas horas, já eram
quatro na sede. Praticamente, final de expediente.
Nunca
foi tão fácil contestar os terraplanistas. Durante a Copa do Mundo, no Catar,
os comentaristas nos davam boa tarde quando já era noite em Doha. Brasília está
seis horas a menos e Manaus, sete.
Há
alguns anos, quando havia horário de verão, fui acordado às seis horas da manhã
por um call center. A moça insistia que eram oito da manhã em São Paulo.
Não entendia que aqui era praticamente madrugada. Primário malfeito.
O mundo
realmente ficou pequeno. As pessoas se locomovem ao redor do planeta com muita
facilidade. As notícias e os eventos são transmitidos pelas televisões abertas
e pelas mídias sociais em tempo real. Mas em horários e fusos diversos.
Tenho
uma sobrinha que mora na Costa Oeste dos Estados Unidos. A diferença de horário
é de quatro horas. Para menos. Os Estados Unidos têm quatro fusos. Se contarmos
Anchorage e Honolulu, no Havaí, são seis. Aqui no Brasil temos quatro. Mas a
maioria dos estados segue a hora de Brasília. As regiões sul, sudeste e
nordeste tem o mesmo fuso. Acre e Fernando de Noronha ficam em fusos diversos e
opostos.
Quem
estiver passando os feriados na paradisíaca ilha de Fernando de Noronha vai
receber 2023 duas horas mais cedo do que os Manauaras.
Temos
primos que moram na longínqua Nova Zelândia. O país parece ficar no cantinho do
mundo. A diferença de fusos é de dezesseis horas. Quando o ano novo chegar por
aqui os neozelandeses já terão almoçado no primeiro dia do ano. Ainda bem que
nossa referência é o horário de Brasília!