Amigos do Fingidor

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Vamos ajudar nossos irmãos!

 Pedro Lucas Lindoso


Seu Tibiraçá nasceu em Boa Vista, quando a cidade era capital do Território Federal do Rio Branco. O nome dado ao então território federal se deve ao rio do mesmo nome que banha a cidade de Boa Vista.  Sabemos que a capital do Acre também é Rio Branco. Por outro motivo. Homenageia o Barão do Rio Branco, que assinou o Tratado de Petrópolis, anexando o Acre ao Brasil.

 Segundo Tibiriçá, havia sempre muita confusão. Correspondências endereçadas para o Acre iam parar em Boa Vista. E vice-versa. O fato é que o território passou a se chamar Território Federal de Roraima, hoje um dos estados da federação.

Seu Tibiriçá veio para Manaus ainda bem jovem. Tirou sua identidade aqui. O documento consta que seu Tibiriçá é natural de Rio Branco-AC. O erro só foi notado anos depois. E ficou por isso mesmo. Ele faleceu acreano sem nunca ter estado por lá.

Lembrei-me dele com as terríveis notícias sobre as condições deploráveis do povo Yanomami. Tibiriçá contava que o primeiro massacre sofrido por eles se deu há séculos. Quando os primeiros colonizadores chegaram na região de Manaus, havia duas tribos: os Manaus e os Barés. Os portugueses conseguiram conquistar os Manaus. Mas os Barés eram mais rebeldes.

Com auxílio dos Manaus, os colonizadores tocaram fogo na maloca dos Barés, com o fim de exterminá-los. Eles fugiram para o norte. Segundo Tibiriçá, os Yanomamis são remanescentes dos barés. Mas seu Tibiriçá nem sempre contava a verdade. Tinha uma imaginação fértil. Então esse relato está despido de qualquer cientificidade historiográfica.

O fato é que esse povo sofre desde sempre. A terra deles é inóspita. A umidade da floresta é elevadíssima por lá. Ademais, o relevo é muito acidentado e não ajuda na proteção pelo estado e por políticas públicas eficazes.

Infelizmente, desde que a reserva indígena foi homologada, impera a degradação e mortes do povo Yanomami. Deixados à própria sorte. Estão morrendo de enfermidades e desnutrição. O povo Yanomami, segundo Tibiriçá, é muito ingênuo e não sabem comercializar as coisas. Tudo isso tem uma causa. O garimpo do ouro. Lembro-me de seu Tibiriçá me ensinar que Yanomami significa “ser humano”. E nós o que somos? Essa inércia dos governos precisa acabar. São mais de 35 anos de massacre lento e gradual. Quando viviam isolados, estavam em paz e saudáveis. Vamos ajudar nossos irmãos!