Seu
Tibiraçá nasceu em Boa Vista, quando a cidade era capital do Território Federal
do Rio Branco. O nome dado ao então território federal se deve ao rio do mesmo
nome que banha a cidade de Boa Vista.
Sabemos que a capital do Acre também é Rio Branco. Por outro motivo.
Homenageia o Barão do Rio Branco, que assinou o Tratado de Petrópolis, anexando
o Acre ao Brasil.
Segundo Tibiriçá, havia sempre muita confusão.
Correspondências endereçadas para o Acre iam parar em Boa Vista. E vice-versa.
O fato é que o território passou a se chamar Território Federal de Roraima,
hoje um dos estados da federação.
Seu
Tibiriçá veio para Manaus ainda bem jovem. Tirou sua identidade aqui. O
documento consta que seu Tibiriçá é natural de Rio Branco-AC. O erro só foi
notado anos depois. E ficou por isso mesmo. Ele faleceu acreano sem nunca ter
estado por lá.
Lembrei-me
dele com as terríveis notícias sobre as condições deploráveis do povo Yanomami.
Tibiriçá contava que o primeiro massacre sofrido por eles se deu há séculos.
Quando os primeiros colonizadores chegaram na região de Manaus, havia duas
tribos: os Manaus e os Barés. Os portugueses conseguiram conquistar os Manaus.
Mas os Barés eram mais rebeldes.
Com auxílio
dos Manaus, os colonizadores tocaram fogo na maloca dos Barés, com o fim de
exterminá-los. Eles fugiram para o norte. Segundo Tibiriçá, os Yanomamis são
remanescentes dos barés. Mas seu Tibiriçá nem sempre contava a verdade. Tinha
uma imaginação fértil. Então esse relato está despido de qualquer
cientificidade historiográfica.
O fato
é que esse povo sofre desde sempre. A terra deles é inóspita. A umidade da
floresta é elevadíssima por lá. Ademais, o relevo é muito acidentado e não
ajuda na proteção pelo estado e por políticas públicas eficazes.
Infelizmente,
desde que a reserva indígena foi homologada, impera a degradação e mortes do
povo Yanomami. Deixados à própria sorte. Estão morrendo de enfermidades e
desnutrição. O povo Yanomami, segundo Tibiriçá, é muito ingênuo e não sabem
comercializar as coisas. Tudo isso tem uma causa. O garimpo do ouro. Lembro-me
de seu Tibiriçá me ensinar que Yanomami significa “ser humano”. E nós o que
somos? Essa inércia dos governos precisa acabar. São mais de 35 anos de
massacre lento e gradual. Quando viviam isolados, estavam em paz e saudáveis.
Vamos ajudar nossos irmãos!