Pedro Lucas Lindoso
Muitos
me perguntam como vem a inspiração para escrever. Cabe ao cronista observar o
mundo, as pessoas, os acontecimentos. O bom também é observar os fatos e
comentá-los. Começamos o ano com muitas cerimônias de posse. Antes, tivemos a
Copa do Mundo. Nesses eventos canta-se o hino nacional. É de hinos que vamos
falar.
No
Reino Unido, durante o reinado de Elizabeth II, o hino saudava uma rainha. God
save the Queen. Deus salve a Rainha. Com sua morte, ascendeu ao trono
Charles III. O hino dos ingleses mudou para God save the King. Deus
salve o Rei.
Quando
toca o hino britânico o soberano fica calado. Parece-me bem lógico. Tendo em
vista que a letra do poema é em sua homenagem. E pede a proteção de Deus ao seu
reinado.
Como a
Inglaterra faz parte do Reino Unido, não há um hino específico para os
ingleses. Em eventos esportivos, às vezes toca-se Jerusalem e Land of
Hope and Glory. Mas tem prevalecido o hino God save the King,
principalmente quando o monarca está presente.
Nós
também temos outros hinos além do Hino Nacional. Temos o Hino da Independência
e o Hino à Bandeira. Este último é meu favorito. Infelizmente, o Hino Nacional
é mal cantado e muito pouco compreendido pela maioria dos brasileiros.
Muitos
não sabem que lábaro significa bandeira. O que seria um brado? E uma terra mais
garrida? O que seria fúlgido, clava,
penhor, retumbante? Qual o sujeito em “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas,
de um povo heroico o brado retumbante?”
A letra
do nosso hino tem uma história polêmica. No início, os republicanos cantavam a
Marselhesa. Era preciso um hino para o
novo regime. Houve várias versões e muitos debates. Como o conhecemos, nosso
hino foi oficializado há cem anos, para a comemoração do centenário da
Independência, em 1922.
A
explicação mais plausível para a letra do Hino Nacional é o Parnasianismo.
Movimento literário no final do século XIX, em oposição ao realismo e ao
naturalismo. Os autores parnasianos criticavam a simplicidade da linguagem. A
proposta parnasiana era de uma poesia de linguagem rebuscada, racional e
perfeita.
Não
seria o caso de revogar o Hino Nacional. Apenas poderíamos adotar o Hino à
Bandeira para cantar nos eventos e solenidades oficiais. A bandeira é de todos
os brasileiros. Está acima de ideologias, religião ou etnia. Precisamos unir os
brasileiros em torno de nossa bandeira. Penso que a linguagem rebuscada do hino
não atende ao povo brasileiro.