Amigos do Fingidor

terça-feira, 11 de julho de 2023

Clareou

Pedro Lucas Lindoso

 

Desde muito pequeno fui alertado que muitas pessoas passam fome neste mundo. Quando deixava algo no prato diziam que não se podia estragar comida. Havia muita gente sem comer e aquilo seria um absurdo.

De fato, milhões de pessoas mundo afora encontram-se em situação de rua e passam fome. Um país como os Estados Unidos não poderia ter o que eles chamam de “homeless”.

E a Inglaterra então? O príncipe de Gales, herdeiro do trono, tem como prioridade em suas ações sociais as pessoas em situação de rua. O projeto foi batizado de “Homewards”. O desejo de William é encontrar um teto para todas as pessoas em situação de rua do Reino Unido. O objetivo é que as pessoas mais necessitadas tenham um lugar para chamar de lar.

O herdeiro do trono britânico tem como meta determinado período de anos. O trabalho é uma retomada de ações humanitárias que sua mãe, a falecida princesa Diana, realizava com pessoas em situação de rua.

No Brasil, mais especificamente em São Paulo, a celebridade mais atuante neste triste problema é o padre Júlio Lancellotti. Pela porta de sua paróquia em São Paulo, dezenas de pessoas entram em busca de alimentos. O padre cuida para que ninguém saia dali com a barriga vazia.

Em Manaus, vários grupos distribuem alimentos para os sem-teto, principalmente no centro da cidade. Os projetos são vários e os nomes são interessantes tais como “Mudadores de Rua', “Semeadores do amor” e “Olha a sopa”. A maçonaria, as igrejas em geral, clubes de serviço como Rotary realizam ações sociais especialmente voltadas para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade em Manaus.

O último censo mostrou um aumento na população especificamente do centro da cidade. Isso também significa que esse aumento pode ser de mais pessoas em situação de rua e o agravamento da crise.

Eventualmente participo ajudando esses grupos de apoio aos moradores sem-teto. Certa vez ouvi de uma pessoa nessa situação:

– Fome dói! Fiquei triste e envergonhado porque nunca havia sentido dor de fome.

O leitor pode me perguntar o porquê do título dessa crônica ser “Clareou”. É que os moradores do centro usam essa palavra para avisar aos outros que está chegando comida. Vamos clarear a vida dessas pessoas. É urgente! E como me disse um deles, fome dói.