Soneto 370 Sem-terra
Glauco Mattoso
Não há justiça agrária sem reforma,
repete o campesino rebelado.
“Ou cedem-me o terreno ou eu invado!”
E o latifundiário se inconforma.
Marxismo primitivo, mas em forma:
com práxis de guerrilha, lança o brado,
sitia, ocupa, pilha a safra, o gado,
arrepiando o estado, a lei, a norma.
Revolução começa pelo campo
e acaba na cidade, onde se junta
à massa de manobra a mão sem trampo.
No ar, só paira a histórica pergunta
que o inepto agente capta pelo grampo:
“Quem disse que a utopia era defunta?”