Amigos do Fingidor

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A poesia é necessária?

 

Soneto 370 Sem-terra

Glauco Mattoso

 

Não há justiça agrária sem reforma,

repete o campesino rebelado.

“Ou cedem-me o terreno ou eu invado!”

E o latifundiário se inconforma.

 

Marxismo primitivo, mas em forma:

com práxis de guerrilha, lança o brado,

sitia, ocupa, pilha a safra, o gado,

arrepiando o estado, a lei, a norma.

 

Revolução começa pelo campo

e acaba na cidade, onde se junta

à massa de manobra a mão sem trampo.

 

No ar, só paira a histórica pergunta

que o inepto agente capta pelo grampo:

“Quem disse que a utopia era defunta?”