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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Acordos, pactos, COP’s e COP’s

Pedro Lucas Lindoso

 

Lembro-me bem da ECO 92. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. À época eu estava como procurador-geral do EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo. As verbas destinadas ao evento não foram poucas. Chamada também de Cúpula da Terra, a convenção reuniu chefes de Estado e representantes de dezenas de países e organismos internacionais. Houve também a participação direta da população.

A ECO 92 aconteceu justamente duas décadas depois da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, também chamada de Conferência de Estocolmo. Antes disso, ninguém falava sobre meio ambiente e sustentabilidade. Nos dias atuais o tema é recorrente. Os acordos, pactos e convenções são anuais e não saem da pauta dos governos de todo o planeta.

Nestes dias termina em Dubai mais uma reunião com os mesmos propósitos, A COP 28. Conferência das Partes da ONU, que reúne anualmente os países signatários da Convenção do Clima. O evento acontece desde 1995. O Brasil, aliás a cidade de Belém, já se prepara para sediar a COP 30, daqui a dois anos. Manaus deveria ter sido a escolhida. Foi uma injustiça com a cidade. A nossa rede hoteleira é melhor e o Estado do Amazonas prima bem mais pela sustentabilidade do que o Pará.

As conferências sobre o clima não param. Tia Idalina, com seu proverbial sarcasmo, disse que quando o mundo acabar, as pessoas estarão indo ou voltando de uma reunião sobre o efeito estufa, clima e emissão de gases.

Outra figura folclórica inesquecível deste cronista é dona Maria do Areal. Líder comunitária de uma invasão em Brasília nos anos oitenta. O Distrito Federal só teve representação política após a Constituição de 1988. Dona Maria era procurada e paparicada por todos os segmentos políticos e ideológicos. Todos pensavam nos votos do pessoal do Areal. A pobre senhora já estava cansada de tanta reunião.  Certo dia chegou uma equipe com técnicos e políticos, incluindo uma celebridade da área ambiental.

Dona Maria mandou recado: não iria participar da reunião e explicou sua recusa. Sic: “esse povo arreone, arreone, arreone. E não arresolve nada”.

As questões climáticas são urgentíssimas. É preciso resolver. A todo momento temos notícias de desastres naturais e mudanças climáticas drásticas afetando a tudo e a todos. Não foi por falta de acordos. Temos o Protocolo de Kyoto e o Acordo de Paris, além das várias COP’s que pressionam os países para executarem planos de ação para reduzir as emissões de gás e do efeito estufa.

Parafraseando dona Maria do Areal: acordos, pactos, COP’s e COP’s e COP’s. E nada efetivamente se arresolve!