Pedro Lucas Lindoso
Lembro-me
bem da ECO 92. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. À época eu
estava como procurador-geral do EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo. As
verbas destinadas ao evento não foram poucas. Chamada também de Cúpula da
Terra, a convenção reuniu chefes de Estado e representantes de dezenas de
países e organismos internacionais. Houve também a participação direta da
população.
A ECO
92 aconteceu justamente duas décadas depois da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente, também chamada de Conferência de Estocolmo. Antes disso,
ninguém falava sobre meio ambiente e sustentabilidade. Nos dias atuais o tema é
recorrente. Os acordos, pactos e convenções são anuais e não saem da pauta dos
governos de todo o planeta.
Nestes
dias termina em Dubai mais uma reunião com os mesmos propósitos, A COP 28.
Conferência das Partes da ONU, que reúne anualmente os países signatários da
Convenção do Clima. O evento acontece desde 1995. O Brasil, aliás a cidade de
Belém, já se prepara para sediar a COP 30, daqui a dois anos. Manaus deveria
ter sido a escolhida. Foi uma injustiça com a cidade. A nossa rede hoteleira é
melhor e o Estado do Amazonas prima bem mais pela sustentabilidade do que o
Pará.
As
conferências sobre o clima não param. Tia Idalina, com seu proverbial sarcasmo,
disse que quando o mundo acabar, as pessoas estarão indo ou voltando de uma
reunião sobre o efeito estufa, clima e emissão de gases.
Outra
figura folclórica inesquecível deste cronista é dona Maria do Areal. Líder
comunitária de uma invasão em Brasília nos anos oitenta. O Distrito Federal só
teve representação política após a Constituição de 1988. Dona Maria era
procurada e paparicada por todos os segmentos políticos e ideológicos. Todos
pensavam nos votos do pessoal do Areal. A pobre senhora já estava cansada de
tanta reunião. Certo dia chegou uma
equipe com técnicos e políticos, incluindo uma celebridade da área ambiental.
Dona
Maria mandou recado: não iria participar da reunião e explicou sua recusa. Sic:
“esse povo arreone, arreone, arreone. E não arresolve nada”.
As
questões climáticas são urgentíssimas. É preciso resolver. A todo momento temos
notícias de desastres naturais e mudanças climáticas drásticas afetando a tudo
e a todos. Não foi por falta de acordos. Temos o Protocolo de Kyoto e o Acordo
de Paris, além das várias COP’s que pressionam os países para executarem planos
de ação para reduzir as emissões de gás e do efeito estufa.
Parafraseando
dona Maria do Areal: acordos, pactos, COP’s e COP’s e COP’s. E nada
efetivamente se arresolve!