Amigos do Fingidor

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Censos: Quantos somos? O que somos? O que fazemos?

 Pedro Lucas Lindoso

 

Muitos países, inclusive o Brasil, costumam fazer um censo geral no início de cada década. Como todos sabemos, o censo desta década sofreu um atraso em razão da pandemia. O objetivo principal do recenseamento é não somente saber quantos somos e a exata população de cada município brasileiro. O censo serve também, e principalmente, para identificar as características e revelar como vivem os brasileiros. São produzidas informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimentos tanto na área pública quanto na área privada.

O primeiro censo de que se tem notícia está escrito no Livro de Êxodo. Foi organizado por Moisés e ocorre depois que os judeus se libertaram dos egípcios. Há muitos censos descritos na Bíblia. Os homens sempre tiveram necessidade de saber quantos somos. E também estipular classificação para diversos objetivos e políticas de governantes em todas as épocas.

Na época de Jesus, era comum que o Império Romano fizesse censos esporádicos para ter o controle da população de seus territórios. Na época do nascimento de Jesus, que ora se comemora com o Natal, cada judeu tinha que ir para a sua cidade para fazer o censo com sua família. Isso fez com que José e Maria necessitassem ir para Belém.

Nos dias de hoje, o nosso último censo só teve início em agosto de 2022. O censo que se realiza a cada dez anos é a única pesquisa domiciliar que vai a todos os municípios do país. Estamos em dezembro de 2023 e o plano do IBGE é chegar até o fim desse mês de dezembro com cerca de 80% a 90% do censo divulgados.

Além do censo, os homens costumam criar parâmetros, classificações e “rankings” de todo modo e qualidade. Elegem-se desde os cem políticos mais influentes até as dez melhores músicas do ano. Houve uma época, nos meados do século passado, que os colunistas sociais elegiam as dez mulheres mais elegantes. Hoje as mulheres querem ser empoderadas, não só elegantes.

Uma notícia chamou a atenção de minha querida tia Idalina. Ela já foi uma das dez mais de Brasília. Foram classificadas 250 pessoas mais ricas no planeta Terra. Para elas foi criado um cartão de crédito especial. Todo em ouro e cravejado de diamantes.

Numa população de cerca de oito bilhões de pessoas, o que são 250 indivíduos? Idalina disse que foi uma das dez mais. Agora entrar nessa lista de 250 é impossível. Ela e oito bilhões de terráqueos que se conformem em ser pobres de “marré, marré, marré”.[1]




[1] Alusão a Marais em contraponto a Mairie-D’Issy, bairros de Paris – o primeiro (marré), pobre; e o segundo (marré-deci), rico. É o que dá sentido à conhecida canção infantil. [Nota do editor]