Amigos do Fingidor

quinta-feira, 21 de março de 2024

A poesia é necessária?

 

Silêncio molhado

Saturnino Valladares

 

Disfarçado de memória, um silencio

molhado habita minhas intimidades,

como uma gota de chuva na altura

da vertigem.

Minha voz não descobre o que de mim

escondo. Não me revela o fulgor

vazio do poema que me escrevo.

Meu pensamento não está nas minhas palavras.

 

Tudo o ocupa o silêncio molhado.

 

Arde, dói, apaga-se e não me acalma

a tristeza de compreender

e não saber. E não querer saber.

 

Tradução: Tenório Telles