Silêncio molhado
Saturnino Valladares
Disfarçado de memória, um silencio
molhado habita minhas intimidades,
como uma gota de chuva na altura
da vertigem.
Minha voz não descobre o que de mim
escondo. Não me revela o fulgor
vazio do poema que me escrevo.
Meu pensamento não está nas minhas palavras.
Tudo o ocupa o silêncio molhado.
Arde, dói, apaga-se e não me acalma
a tristeza de compreender
e não saber. E não querer saber.
Tradução: Tenório Telles