Amigos do Fingidor

sexta-feira, 29 de março de 2024

Crônica de um autógrafo

                Sousa Neto

  Quando cheguei à minha casa, fui explorar a semiótica do livro editado.

Comecei pelo autógrafo. O que me chamou a atenção nele, foi a solidez da palavra “careta”; onde a letra [e] assume a forma de um quatro. Isso tem coerência por dois motivos. Está coerente com a semântica da palavra na frase “para fundir a cuca dos caretas”, o careta é quadradinho. Antes do quadrado existe a letra [r], a qual expressa caligraficamente uma letra [e] invertida, pista discursiva para quatro e para a letra [r] de fundir; derretida. O segundo motivo é: quem diz o Discurso da Matemática é a língua.

Quando pequeno, meus pais fumavam. Não adquiri o hábito de fumar. Porém, entendi de imediato os versos de Caetano Veloso no CD Livro: Os livros são objetos transcendentes/Mas podemos amá-los do amor táctil/Que votamos aos maços de cigarro.

Assim, pode-se ser devoto do amor táctil ao seu livro.

Faz parte da semiose do livro editado também a sua beleza visual. E nela a poesia invisível que tropeça harmônica nos astros dos livros; quando se ouve a música de Caetano Veloso: livros.

Outra semiose é romântica: o cheirinho do livro novo que nos remete aos primeiros livros da infância.

A escrita é a forma sólida da palavra (Robert Bringhurst, A forma sólida da linguagem, p.9). Existe uma etimologia sólida e outra, transcendente. Para bem de todos, viva a ludicidade literária. Parabéns ao Zemaria Pinto. Parabéns, Zemaria.[1]                     




[1] O autor refere-se ao autógrafo no livro Os que andam com os mortos, de Zemaria Pinto.