Sousa Neto
Comecei pelo autógrafo. O que me chamou a atenção nele, foi a
solidez da palavra “careta”; onde a letra [e] assume a forma de um quatro. Isso
tem coerência por dois motivos. Está coerente com a semântica da palavra na
frase “para fundir a cuca dos caretas”, o careta é quadradinho. Antes do
quadrado existe a letra [r], a qual expressa caligraficamente uma letra [e]
invertida, pista discursiva para quatro e para a letra [r] de fundir; derretida.
O segundo motivo é: quem diz o Discurso da Matemática é a língua.
Quando pequeno, meus pais fumavam. Não adquiri o hábito de
fumar. Porém, entendi de imediato os versos de Caetano Veloso no CD Livro: Os livros são objetos
transcendentes/Mas podemos amá-los do amor táctil/Que votamos aos maços de
cigarro.
Assim, pode-se ser devoto do amor táctil ao seu livro.
Faz parte da semiose do livro editado também a sua beleza
visual. E nela a poesia invisível que tropeça harmônica nos astros dos livros;
quando se ouve a música de Caetano Veloso: livros.
Outra semiose é romântica: o cheirinho do livro novo que nos
remete aos primeiros livros da infância.
A escrita é a forma sólida da palavra (Robert Bringhurst, A forma sólida da linguagem, p.9).
Existe uma etimologia sólida e outra, transcendente. Para bem de todos, viva a
ludicidade literária. Parabéns ao Zemaria Pinto. Parabéns, Zemaria.[1]