A pantera
Jorge Luis Borges (1899-1986)
Atrás das fortes grades a pantera
Repetirá o enfadonho itinerário,
Que é (mas não sabe) seu fadário
De negra joia, aziaga e prisioneira.
Vão e vem aos milhares, em desfiles
Infindáveis, mas é só uma e eterna
A pantera fatal em sua caverna
Traça a reta que um eterno Aquiles
Traça no sonho que sonhou o grego.
Não sabe que há prados e montanhas
De cervos cujos trêmulas entranhas
Deleitariam seu apetite cego.
Em vão é vário o orbe. A jornada
Que cumpre cada qual já foi fixada.
Tradução: Josely Vianna Baptista