Amigos do Fingidor

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O traço e o verso

Depois de ler a notícia sobre os originais de Moacir Andrade, ainda menino, em vias de se perderem (veja postagem de 15.01), Jorge Tufic enviou-me cópia reprográfica do seu livro O traço e o verso (Manaus: SEMEC, 1985), onde o poeta "ilustra" os desenhos de Moacir. Tufic relembra, na introdução:

A caminho de casa, esses breves rascunhos que serviram de embrião para uma arte consagrada hoje no mundo inteiro foram crescendo aos meus olhos, tocando-me as cordas interiores. Quando cheguei em meu quarto, sentei-me; e foi de uma sentada, não me lembro de quantas horas, que saíram estes pequenos momentos de referência poética, às vezes num tom circunstancial, aos desenhos de Moacir. No todo, 22.

Como exemplo da poesia (reproduzir a imagem comprometeria sua qualidade), aí vai o poema que Jorge Tufic escreveu para um desenho que mostra um homem carregando um cesto cheio de pães, datado de 1939:

Ali vai o padeiro entregador,
o padeiro de cestos nos ombros.

Ali vai o ano de 1939
passando pela rua deserta.

E do cesto de pão nos vem esse cheiro
que ensina o amor sem fronteiras
pela cartilha da fome.