Amigos do Fingidor

sábado, 3 de janeiro de 2009

Produção de texto poético (uma introdução) – VIII

Zemaria Pinto

39 – Entramos agora nos aspectos mais tangíveis do poema, falando do verso: a unidade rítmica e melódica mais elementar do poema. Para simplificar, o verso corresponde a uma linha de texto. Mas há controvérsias. Vamos tratar aqui do que é convencional, pois as invenções são também exceções à regra. Pelo menos, enquanto não viram regras.

40 – Os versos podem regulares, se apresentam simetria ou correspondência de metros; irregulares, quando assimétricos; polimétricos, com diversidade de metros; livres, sem metrificação.

41 – O metro, por sua vez, é definido pelo número de sílabas, que, em português, são contadas até a tônica da última palavra do verso. Embora, em tese, não haja limite para o número de sílabas de um verso – mas, como unidade rítmica e melódica, ele está ligado a um tempo –, os metros convencionais, consagrados pela tradição, variam de uma a doze sílabas, isto é, do monossílabo ao dodecassílabo ou alexandrino.

42 – Os versos mais populares são as redondilhas: o pentassílabo, chamado de redondilha menor, e o heptassílabo ou redondilha maior. O decassílabo também tem nomes: o sáfico, com acentuação tônica nas sílabas 4, 8 e 10; e o heróico, na 6ª e na 10ª. O sáfico, homenagem à poeta Safo, de Lesbos, é mais fluido e mais propício aos poemas líricos, enquanto o heróico é mais usado nos poemas épicos. Mas nada disso deve ser visto como uma camisa-de-força.

43 – Os alexandrinos guardam uma novidade, sendo compostos por dois versos de seis sílabas, chamados de hemistíquios, separados por uma cesura (ou pausa). Essa regra vale para os versos longos, a partir de doze sílabas.

44 – A título de exercício, tente contar o número de sílabas deste verso de Caetano Veloso, destacado de “Sampa”:
Panaméricas de áfricas utópicas, túmulo do samba, mas possível novo quilombo de Zumbi

Continuamos.