Amigos do Fingidor

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Bons olhos, maus olhos



Pedro Lucas Lindoso

Meu amigo e vizinho Neliton Marques me informou, preocupadíssimo, que o aquecimento da terra em 2016 suplantou as expectativas. Segundo me disse, 2016 foi o ano mais quente da História. Pelo menos desde que começaram a registrar as temperaturas do planeta. Triste recorde.
Neliton é ambientalista e agrônomo respeitado. É professor e já dirigiu órgão ambiental em nosso estado. Ele vê o planeta com bons olhos.
“O clima não é mercadoria, assim como água, terra e direitos também não são”, diz Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Ela também vê a Terra com bons olhos.
Yuri Gagarin, em 1961, tornou-se o primeiro homem a ver o nosso planeta acima da atmosfera. E anunciou ao mundo: “A Terra é Azul”! Gagarin viu a Terra não só com bons olhos, mas com admiração e assombro.
Aprendi que a Terra é azul porque a luz do Sol é refletida na atmosfera e decomposta como um prisma, produzindo a coloração azul. E também porque há extensa quantidade de água na sua superfície.
O Papa Francisco em sua Encíclica Laudato Si (Louvado sejas) convida a humanidade a “procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida”.
O Papa vê a terra com bons olhos. E com preocupação.
A Campanha da Fraternidade deste ano de 2017 terá como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação”.
Infelizmente, parece que alguns líderes mundiais não entendem ou fingem não entender o que o Papa chama de “sentido humano da ecologia”. E se recusam a ver o planeta com bons olhos. 
Compartilho minhas preocupações com Neliton Marques, Sonia Guajajara e o Papa. Nas minhas meditações e preces, fico me imaginando um Gagarin do século 21. Contemplo e admiro, como se estivesse no Espaço, a beleza azul da Terra. Nesses momentos desejo, do fundo do meu coração, ao nosso planeta, a nossa Pacha Mama, como dizem os povos andinos, que maus olhos não a vejam.