Pedro Lucas Lindoso
Neurocientistas explicam que cores não existem em si mesmas.
Resultam de uma função cognitiva que acontece no cérebro e nos olhos humanos ao
decifrar a realidade.
Meu pai gostava muito do amarelo. Coincidentemente, um lindo
ipê amarelo floresceu perto de seu túmulo, no Cemitério Campo da Esperança, em
Brasília.
Eu não tenho uma cor favorita. Sou torcedor do boi Garantido,
mas não me recuso em usar a linda camisa azul carinhosamente comprada pela
minha esposa Vera. Um terno azul sempre é muito estiloso. Uma linda mulher
jovem num vestido vermelho é sensacional. Gosto muito do bege para roupas, mas
jamais teria um carro dessa cor.
Há pessoas que abominam determinadas cores por razões
políticas ou ideológicas. Lamentável. Há ainda os times de futebol com suas
cores e torcidas. E ainda, claro, as cores das seleções dos países que se
enfrentam nas copas mundiais. Seriam os jogos de futebol um simulacro moderno
das batalhas tribais dos homens primitivos? Com a palavra os antropólogos.
O uso das cores e suas contradições. Penso que a Coca-Cola
com sua cor vermelha reluzente simboliza com perfeição o capitalismo. Daí o
contraste com as bandeiras vermelhas dos partidos socialistas.
Com o país dividido, alguns cidadãos que usavam a camisa da
seleção em jogos do Brasil dizem que estão constrangidos em face ao uso
político ideológico da nossa camisa canarinho. De outra banda, há os que
sugerem que o Papai Noel apareça no Natal de verde-amarelo, abandonando a roupa
vermelha. Deplorável, repita-se.
Às vezes penso que os neurocientistas estão certos. Desde que
conheci minha esposa, amiga e companheira Vera, há mais de 35 anos, as cores em
minha vida se tornaram mais brilhantes. Mais definidas e precisas.
Entretanto, ao observar amorosamente o tom azulado dos olhos
de minha netinha, Maria Luísa, não posso concordar com a assertiva de que as
cores não existam.
E agradeço ao Criador do Universo que me possibilita, por
função cognitiva ou não, por meio dos meus olhos perfeitos, apreciar as belas
cores da vida.