Amigos do Fingidor

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Cores da vida


Pedro Lucas Lindoso


Neurocientistas explicam que cores não existem em si mesmas. Resultam de uma função cognitiva que acontece no cérebro e nos olhos humanos ao decifrar a realidade.
Meu pai gostava muito do amarelo. Coincidentemente, um lindo ipê amarelo floresceu perto de seu túmulo, no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
Eu não tenho uma cor favorita. Sou torcedor do boi Garantido, mas não me recuso em usar a linda camisa azul carinhosamente comprada pela minha esposa Vera. Um terno azul sempre é muito estiloso. Uma linda mulher jovem num vestido vermelho é sensacional. Gosto muito do bege para roupas, mas jamais teria um carro dessa cor.
Há pessoas que abominam determinadas cores por razões políticas ou ideológicas. Lamentável. Há ainda os times de futebol com suas cores e torcidas. E ainda, claro, as cores das seleções dos países que se enfrentam nas copas mundiais. Seriam os jogos de futebol um simulacro moderno das batalhas tribais dos homens primitivos? Com a palavra os antropólogos.
O uso das cores e suas contradições. Penso que a Coca-Cola com sua cor vermelha reluzente simboliza com perfeição o capitalismo. Daí o contraste com as bandeiras vermelhas dos partidos socialistas.
Com o país dividido, alguns cidadãos que usavam a camisa da seleção em jogos do Brasil dizem que estão constrangidos em face ao uso político ideológico da nossa camisa canarinho. De outra banda, há os que sugerem que o Papai Noel apareça no Natal de verde-amarelo, abandonando a roupa vermelha. Deplorável, repita-se.
Às vezes penso que os neurocientistas estão certos. Desde que conheci minha esposa, amiga e companheira Vera, há mais de 35 anos, as cores em minha vida se tornaram mais brilhantes. Mais definidas e precisas.
Entretanto, ao observar amorosamente o tom azulado dos olhos de minha netinha, Maria Luísa, não posso concordar com a assertiva de que as cores não existam.
E agradeço ao Criador do Universo que me possibilita, por função cognitiva ou não, por meio dos meus olhos perfeitos, apreciar as belas cores da vida.