Zemaria Pinto
felino
sorriso branco
no chão de
cal da memória
alva em seu
vestido neve
diáfana
caçadora
nasce a moça
na candura
da manhã
feita de anil
cabelos de
longa dança
e suaves tons
amarelos
sopram seda
sobre o colo
casulo onde a
moça guarda
com rigores
de clausura
vontades
elementares
à sombra do
véu que a veste
adivinho o
ventre lânguido
feito de
leite e de espuma
quando a moça
num meneio
gira em torno
da canção
que se revela
aos meus olhos
em largos
gestos de adeus
a moça
cavalga o vento
gargalhando
epifanias
deserdando-me
de mim
clara clara
plurialva
sob o sol do
meio-dia
(mas os
pentelhos da moça
só depois eu
pude ver
são da cor
noite-sem-lua
selva de
negra folhagem
limalha palha
fuligem
vertigens de
anoitecer)