Pedro Lucas Lindoso
Meu amigo Chaguinhas ficou impressionado com a quantidade de
Papai Noel encontrados em Nova Iorque. Vive indo por lá, mas adora criticar os
gringos.
– Eles
são muito esquisitos, chamam o Papai Noel de “santa”, disse-me indignado.
Expliquei-lhe que Santa é corruptela de “Saint”. Seria Saint
Claus, na verdade Saint Nicholas, ou São Nicolau. Há locais nos Estados Unidos
em que o Papai Noel é chamado de Kris Kringle ou ainda Father Christmas. Mas o
popular mesmo é “Santa”.
Argumentei com Chaguinhas que cultura é cultura. A gente acha
esquisito. Eles também morrem de rir quando sabem que “santa” em Português é
Papai Noel. O som “papai” é o mesmo que Popeye, o marinheiro. Se Santa é
“engraçado” para nós, Popeye Noel é tão engraçado quanto.
“Donna” é um nome dado às meninas americanas. Lembram-se da
cantora Donna Summer? Um gringo turista ficou admirado com a quantidade de
mulheres chamadas “Donna”, aqui no Brasil. Dona Maria, Dona Ana.
Miranda no Brasil geralmente é sobrenome. Muitas americanas
são batizadas de Miranda. É nome relativamente comum de mulheres americanas. E
nora? Em português é a designação da esposa de seu filho. Nora é também nome de
meninas americanas.
A falecida Ella
Fitzgerald foi uma das mais famosas cantoras negras americanas do século passado.
É muito conhecida no Brasil por quem curte jazz. Mas qual brasileiro daria o nome de Ella a
sua filha?
Muitos americanos pensam que o sobrenome mais comum no Brasil
é Filho e Neto. Eles usam John Smith I, II, III e IV. Acho que no Brasil não é
possível esse tipo de registro. Lembro-me que houve uma polêmica grande, há
muitos anos, quando o rei Roberto Carlos quis batizar seu filho de Roberto
Carlos II. Se bem me lembro o escrivão recusou o registro. O menino ficou conhecido como Segundinho.
Vaidades. Quimeras.
Agora, que é estranho chamar o bom velhinho, o Papai Noel, de
santa... Isso é.
Esses gringos!