A
sustentável leveza da espera
Grace
Cordeiro
Ontem foi um dia de doer:
Não pisei na cama
Não rocei na grama
Andei por aí
Larguei teu sêmen no jornal
Fiz trapaças no espelho
Não colhi teu
sorriso
Ontem foi um dia para morrer:
O meu ser “tão” negou chuva
O meu chão “tava” quebrado
Aquele livro, mandei enfiar no bolo
A espanhola tomou gim e rua
Não bebi teu
beijo suado
Ontem foi um dia pra nada:
Para jogar pião em alagado
Para perder olhar que se quer
Para tingir amor de amizade
Para dama comer o cavalo
Vi tua boca me dando tapa na cara
Fui embora e
sentei no vazio
Foi ontem o “eu te amo”
Foi ontem que a luz se apagou
Tomei um banho e fui dormir
Quem sabe um
outro dia?