Amigos do Fingidor

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A poesia é necessária?

 

A sustentável leveza da espera

Grace Cordeiro

 

  

Ontem foi um dia de doer: 

Não pisei na cama

Não rocei na grama

Andei por aí

Larguei teu sêmen no jornal

Fiz trapaças no espelho

Não colhi teu sorriso

 

Ontem foi um dia para morrer: 

O meu ser “tão” negou chuva

O meu chão “tava” quebrado

Aquele livro, mandei enfiar no bolo 

A espanhola tomou gim e rua 

Não bebi teu beijo suado

  

Ontem foi um dia pra nada: 

Para jogar pião em alagado 

Para perder olhar que se quer 

Para tingir amor de amizade

Para dama comer o cavalo 

Vi tua boca me dando tapa na cara

Fui embora e sentei no vazio

 

Foi ontem o “eu te amo” 

Foi ontem que a luz se apagou 

Tomei um banho e fui dormir 

Quem sabe um outro dia?