Ninguém me ama
Zemaria Pinto
Eu não sou
o único. Basta olhar ao redor e ver a malta de fracassados. Mas eles não são
todos iguais. Tem os fracassados do uísque, os fracassados da cerveja, os
fracassados da cachaça. Os fracassados alegres, os fracassados tristes. O
álcool e o fracasso se dão bem. Será a velhice? Os sonhos frustrados? As metas
não cumpridas? Amor, só de aluguel e com o cronômetro ligado. Mas, o corpo pede
sossego. Viver foi viajar por uma noite
sem luz, apenas a solidão a iluminar o caminho. E agora, que não há mais para
onde ir, prolongaremos em nossos corpos inúteis a escuridão, o vazio, o nada.
Ninguém me ama (1952), de Antônio Maria (Recife-PE,
1921-1964) e Fernando Lobo (Recife-PE, 1915-1996). Samba-canção.
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