Amigos do Fingidor

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Bolero's Bar 1

Bésame mucho

Zemaria Pinto

 

A espera não dói, apenas cansa. Mas sei que virás. E se não vieres? E até quando virás? Até quando estarei te esperando? As interrogações atormentam, sufocam, humilham. Esperar e desesperar são pontos da uma mesma matriz de incertezas. Tão próximos e tão distantes. Certeza da tua presença eu só tenho quando me vejo refletida nos teus olhos. E, no entanto, esse reflexo é fagulha, é estilhaço, é partícula de invisível poeira que deixa marcas sobre a mesa e mancha minhas mãos. Por isso, cada vez é sempre a última, porque eu não sei, tu não sabes, onde estaremos amanhã.

 

Bésame mucho (1940), de Consuelo Velázquez (México, 1916-2005). Bolero.


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