Pedro
Lucas Lindoso
Quando
eu era menino aqui em Manaus, nos anos sessenta, se caminhava de mãos dadas.
Não só os casais. Pais e filhos, sobrinhos e tios, irmãos, amigos. Ouvi várias
vezes de minha mãe:
– Dê as
mãos para sua irmã.
Durante
a pandemia estão proibidos abraços, apertos de mão e também andar de mãos
dadas. O que acho mais lamentável é não poder cumprimentar os amigos e as
pessoas com um aperto de mão.
Jesus
curava e expulsava demônios com um simples toque ou a imposição das mãos. Há
uma técnica de cura e transmissão de energia chamada Reiki. Sou praticante
dessa técnica. Uso muito me autoaplicando.
As mãos
transmitem energia. Rezamos com as duas mãos unidas. Os católicos recebem as
bênçãos dos sacerdotes com sinais feitos pelas mãos. Um dos momentos mais
tocantes da missa é quando os fiéis são convidados a trocar cumprimentos
dando-se as mãos. E desejar a paz, em nome do Cristo.
Dar as
mãos é um ato que transmite amizade e fraternidade. Quando nos cumprimentamos e
oferecemos um aperto de mão, queremos demonstrar afeto, apoio e segurança.
Com
essa pandemia e com as restrições impostas por receio ao contágio, fico
pensando quão essencial são as mãos para os homens, para a nossa humanidade. O
cego lê a escrita braile com as mãos. A comunicação com o surdo-mudo é feita
com as mãos, por meio da linguagem Libras. Assim, as mãos são fundamentais para
essas pessoas com deficiência, tanto auditiva quanto visual.
Por
outro lado, as mãos apresentam um dualismo muito forte. As mesmas mãos que
acariciam são aquelas que ferem. As mãos que trazem rosas podem trazer um
punhal.
Uma das grandes diferenças entre os humanos e
os animais reside no uso das mãos. O homem tem a habilidade de construir
coisas, colher frutos, pintar, tocar instrumentos, escrever, manusear objetos e
tantas outras coisas, através de perícia e com o uso adequado das mãos.
Infelizmente,
o atual surto de corona proibiu o aperto de mão, tão comum em nossas vidas. Mas
a criatividade corre solta. Foram inventados o tal “aperto de pés" para
usar com os amigos e o “toque de cotovelos”.
Muito
chato tudo isso. Quero o fim da pandemia para aglomerar, abraçar, e
principalmente oferecer as mãos. Não só para cumprimentos. Nada mais importante
do que andar de mãos dadas.