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segunda-feira, 5 de abril de 2021

Folia no seringal: alegoria e paródia em O amante das amazonas 9/9

Zemaria Pinto

 

Apoteose: possível conclusão

Arquitetado sobre uma plataforma combinatória de paródia, alegoria, intertextualidade e metalinguagem, O amante das amazonas é o retrato expressionista de uma época, cuja essência, mais de cem anos passados, ainda não foi desvelada na sua integralidade. Mas, isso seria possível? Só temos certeza de que a aparência é enganosa, pois acumula discursos que se contrapõem, variando de acordo com os interesses imediatos. É certo, entretanto, que no texto de Rogel Samuel, narrativa, ambiente e personagens nos são revelados para muito além da percepção dos sentidos, como representações inauditas da violência coletiva e do vício individual: deformações do corpo, da alma e da razão. O mundo em desconcerto, a vida em dissonância. A realidade fictícia de Samuel não nos dá esperanças para o futuro, mas nos mostra como fomos no passado e, por analogia, como somos agora.    

Misto de romance de aventura, policial, histórico, indianista e de costumes, O amante das amazonas estabelece uma ponte entre sua época – agora – e a tradição de romances sobre a Amazônia, que, afora os autores citados, remonta ao visionário Gaspar de Carvajal, passa por Júlio Verne, Raul Pompeia, Conan Doyle, Gastão Cruls, Mário de Andrade e Raul Bopp, além dos autores da região, num diálogo intertextual que avança muito adiante da relação cômico-trágica, proporcionando uma visão panorâmica sobre o período, mas com uma perspectiva nova e inovadora, ressignificando o conceito de romance amazônico.   

 

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