Do poeta e seus elementos
Ernesto Penafort (1936-1992)
o poeta é um território
em permanente degredo.
o poeta, por incrível,
sente frio e sente medo.
o poeta é um promontório,
além da mão como um dedo.
(sendo a mão somente a palma
o dedo é um prolongamento
como é do corpo sua alma).
o poeta é um território
limitado por si mesmo.
se às vezes, por ilusório,
parece que anda a esmo,
é exatamente ao inverso:
o poeta é um promontório
procurando mais um verso
para urdir o seu poema,
(que absurda tessitura!)
instaurando no universo
a nação que anda à procura.