Amigos do Fingidor

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Cuidado, frágil!

Pedro Lucas Lindoso

 

Eu sempre tive a impressão de que nosso planetinha Terra fosse frágil. Essa noção se deu muito cedo. Eu era um garoto de doze anos de idade quando o mundo acompanhou a aterrissagem da Apollo 11 na Lua. 20 de julho de 1969. Morava em Brasília e vimos tudo pela TV. As revistas da época estampavam a foto de nosso planeta. A terra é azul, nos diziam os astronautas.

No Ginásio havia aprendido que a Terra fazia parte de um sistema solar, junto com Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. E o sol era uma mera estrela. Tão importante ou tão grande quanto as milhares que vimos no céu. Foi então que entendi que a Terra é insignificante perante o Universo. E por isso, frágil. Cuidado, Frágil! Handle with care! Não é assim que se coloca como alerta nos objetos que são frágeis? Deviam espalhar esse aviso pelo planeta. Não se deve tratar a Terra como se o planeta não fosse frágil.

Proponho que se possa colocar esse alerta, esse aviso, em lugares como na sede da ONU, Torre Eiffel, Coliseu, Parthenon, Grande Muralha da China, Monte Fuji, Uluru ou The Rock na Austrália, Taj Mahal, Pirâmides do Egito, Praça Vermelha, Big Ben, Portão de Brandemburgo e claro, no nosso Cristo Redentor.

Ainda jovem, fui apresentado a Antoine de Saint-Exupéry. Na Aliança Francesa de Brasília fui compelido a ler O Pequeno Príncipe. E dentre as várias interpretações que me foram colocadas sobre a obra, achei que Saint-Exupéry também tinha consciência dessa fragilidade de nosso planeta. Como todos sabem, O Pequeno Príncipe narra a história de um principezinho, que viaja pelo universo em busca de sabedoria. Na Terra ele encontra um aviador perdido no deserto. Que seria o próprio Exupéry.

O pequeno Príncipe é cheio de frases famosas e repetidas em várias situações. Mas há uma que guardo com especial atenção. “quando o mistério é impressionante demais, não ousamos desobedecer”. Provavelmente porque endossa essa minha opinião. A de que Exupéry se preocupava com o planeta e seus mistérios perante o Universo. E, portanto, com a fragilidade da Terra. “Attention fragile”, como se diz em Francês.

Particularmente não gosto de filmes de ficção científica. Podem ser muito assustadores. Mas comecei o ano novo assistindo a um filme que me remeteu a essa fragilidade da terra que tanto me assustou a vida toda. O polêmico filme Don’t look up! Não olhe para cima! Trata-se da história de dois cientistas que descobrem um corpo espacial sólido que está vindo em direção ao planeta. Obviamente, tentam alertar autoridades e imprensa para que providências sejam tomadas. Porém, há um jogo político de interesses em que a ciência não é levada a sério. Numa época de pandemia, com tantos conflitos e debates intensos sobre o que é ciência e o que não é, o filme assustadoramente parece que veio para criar ainda mais polêmica. Não quero entrar no debate político. O que sei é que nosso planeta precisa ser cuidado. O planetinha é frágil. Handle with care. Attention fragile!