Pedro Lucas Lindoso
Eu
sempre tive a impressão de que nosso planetinha Terra fosse frágil. Essa noção
se deu muito cedo. Eu era um garoto de doze anos de idade quando o mundo
acompanhou a aterrissagem da Apollo 11 na Lua. 20 de julho de 1969. Morava em
Brasília e vimos tudo pela TV. As revistas da época estampavam a foto de nosso
planeta. A terra é azul, nos diziam os astronautas.
No
Ginásio havia aprendido que a Terra fazia parte de um sistema solar, junto com
Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. E o sol era uma
mera estrela. Tão importante ou tão grande quanto as milhares que vimos no céu.
Foi então que entendi que a Terra é insignificante perante o Universo. E por
isso, frágil. Cuidado, Frágil! Handle with care! Não é assim que se coloca como
alerta nos objetos que são frágeis? Deviam espalhar esse aviso pelo planeta.
Não se deve tratar a Terra como se o planeta não fosse frágil.
Proponho
que se possa colocar esse alerta, esse aviso, em lugares como na sede da ONU,
Torre Eiffel, Coliseu, Parthenon, Grande Muralha da China, Monte Fuji, Uluru ou
The Rock na Austrália, Taj Mahal, Pirâmides do Egito, Praça Vermelha, Big Ben, Portão
de Brandemburgo e claro, no nosso Cristo Redentor.
Ainda
jovem, fui apresentado a Antoine de Saint-Exupéry. Na Aliança Francesa de Brasília
fui compelido a ler O Pequeno Príncipe. E dentre as várias
interpretações que me foram colocadas sobre a obra, achei que Saint-Exupéry
também tinha consciência dessa fragilidade de nosso planeta. Como todos sabem,
O Pequeno Príncipe narra a história de um principezinho, que viaja pelo
universo em busca de sabedoria. Na Terra ele encontra um aviador perdido no
deserto. Que seria o próprio Exupéry.
O
pequeno Príncipe é cheio de frases famosas e repetidas em várias situações. Mas
há uma que guardo com especial atenção. “quando o mistério é impressionante
demais, não ousamos desobedecer”. Provavelmente porque endossa essa minha
opinião. A de que Exupéry se preocupava com o planeta e seus mistérios perante
o Universo. E, portanto, com a fragilidade da Terra. “Attention fragile”, como
se diz em Francês.
Particularmente
não gosto de filmes de ficção científica. Podem ser muito assustadores. Mas
comecei o ano novo assistindo a um filme que me remeteu a essa fragilidade da
terra que tanto me assustou a vida toda. O polêmico filme Don’t look up!
Não olhe para cima! Trata-se da história de dois cientistas que descobrem um
corpo espacial sólido que está vindo em direção ao planeta. Obviamente, tentam
alertar autoridades e imprensa para que providências sejam tomadas. Porém, há
um jogo político de interesses em que a ciência não é levada a sério. Numa
época de pandemia, com tantos conflitos e debates intensos sobre o que é
ciência e o que não é, o filme assustadoramente parece que veio para criar
ainda mais polêmica. Não quero entrar no debate político. O que sei é que nosso
planeta precisa ser cuidado. O planetinha é frágil. Handle with care. Attention
fragile!