Soneto
de espera ou o 1º da morte
Alencar
e Silva (1930-2011)
De espera e
espera sofro-te em meu canto,
em meu verso
e nas coisas que te anseiam.
E mais
sofrera se te não sonhara
nem crera em
tua vinda, anjo noturno
que virás
sobre o mar – pássaro, estrela
ou rosa a se
elevar na noite pura –
sem outro
anúncio a preceder-te, além
do teu
hálito fresco sobre o vale
e esta
certeza para além do sonho
de que teus
olhos de mistério e flamas
descerão de
repente em minha espera
e me
destruirás para salvar-me:
que os
noturnos jardins florescerão
e nos ventos
da noite fugiremos.