Amigos do Fingidor

terça-feira, 21 de junho de 2022

Prefácio a “As Pedras do Rosário”, de Francisco Gomes da Silva

 Pedro Lucas Lindoso

 

O historiador Francisco Gomes da Silva nos brinda com esse primor de livro – As Pedras do Rosário. Depois de quase duas dezenas de livros publicados, o Autor se apresenta com uma “inspiração teologal”. Elson Farias, ilustre renomado poeta de Itacoatiara, em seu livro As náiades e a mãe-d’água, nos lembra que Max Carphentier “trabalha uma poesia de inspiração teologal”.

Essa “inspiração teologal” de que fala Elson Farias é, em nosso sentir, a mesma inspiração divinal que inspirou Francisco Gomes ao escrever As Pedras do Rosário. Inspiração teologal sublime e voltada para a exaltação de Maria, a Mãe de Deus e nossa Mãe.

Maria que já se manifestou de diversas maneiras para consolar, acalmar e acalentar a humanidade. E sempre nos aconselha a rezar o terço. Se apresentou aos pastores meninos de Fátima, a Bernadete em Lourdes, em forma de adoração à sua imagem em Aparecida e em Belém do Pará.

No México, se transformou numa nativa grávida, ao aparecer em Guadalupe ao jovem mexicano Diego. E no livro de Francisco Gomes, logo no início, temos a breve narrativa da Deusa dos índios Iruri. Como a Virgem de Guadalupe, a Deusa índia também veio grávida do céu. Guadalupe se tornou padroeira de toda a América latina. A mãe dos Iruri com certeza é a mesma nossa Mãe. Mãe do Criador. Mãe de Deus. Ela se transforma, se transmuta para melhor se fazer entender, para auxiliar os homens em seus desejos e angústias.

O Rosário, a reza do terço, é a maneira mais prática, mais eficaz de se conectar com nossa Mãe. E com o Divino Pai Eterno. Como bem nos diz Francisco Gomes:

“Simbolicamente, o Rosário é a rede que pesca almas para Deus, com a intercessão da Virgem Maria”.

Francisco Gomes nos informa que a vocação de rezar o Rosário veio para Itacoatiara e região pelos jesuítas, ainda no século XVII.

A riqueza da obra de Francisco Gomes extrapola o aspecto teologal de que falamos e adentra no aspecto histórico e considerações do mundo profano. E nos lembra quão marcante e às vezes altamente dramáticas que foram as conquistas dos europeus:

“Durante os séculos XV e XVI, os europeus lançaram-se nos três oceanos com os objetivos de descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. A expansão no exterior levou ao surgimento dos impérios de Portugal e Espanha, que lideraram as grandes descobertas estendendo seus domínios à África, à Ásia e às Américas”.

Como bem ensina Francisco Gomes, na conquista das Américas, a Igreja esteve presente inclusive endossando interesses comuns dos governos colonizadores. Obviamente, este expansionismo europeu teve por base a teologia cristã.

E aí vem, em minha opinião, o ápice da obra, que é a importância do Santo Rosário para consolidação do Cristianismo na Amazônia e em Itacoatiara. E assim nos fala:

“O Santo Rosário sempre se revelou forte no mundo inteiro, é tradicional na Amazônia e se sobressai muito no Município de Itacoatiara. É uma oração mariana muito recomendada pela Igreja Católica ao longo dos séculos”.

O Autor nos informa que a devoção do povo itacoatiarense a Nossa Senhora do Rosário vem de 1683, ano em que foi fundado no rio Madeira o núcleo originário desta cidade. Gomes, acertadamente afirma que:

“Além do Culto a Jesus, o Catolicismo incentivava o Culto à Virgem Maria e aos santos. A Igreja sempre venerou Maria como sua Mãe, e há uma razão lógica: ela é a Mãe de Jesus, Cabeça da Igreja”.

A obra de Francisco Gomes da Silva é riquíssima em informações históricas. Mas sempre há lugar para o Divino por intermédio da adoração da Santa Mãe de Deus e seus milagres. É assim ao relatar episódio ocorrido em 1791. A pequenina igreja foi devorada por um misterioso incêndio – sendo a imagem da Padroeira milagrosamente salva.

Durante toda a leitura do livro, o leitor vai tomar conhecimento dos mais importantes fatos históricos ocorridos primeiro na Província do Grão Pará e Maranhão. Posteriormente, no Grão Pará e Alto Rio Negro. Além de importantes considerações sobre o período Pombalino. Entretanto, Francisco Gomes, de maneira magistral, consegue sempre lembrar ao leitor a figura divinal de Maria, Mãe de Deus.

Por fim, tanto o autor como os leitores, percebemos que Nossa Senhora vela por todos e cada um de nós, como Mãe e com uma grande ternura, misericórdia e amor, e sempre nos incentiva a sentir seu olhar amável. Quem nos garante isso é o nosso atual Pontífice, Papa Francisco.

Parabéns ao historiador Francisco Gomes da Silva por sua obra que nos enriquece, tanto no aspecto teologal, na figura de Nossa Senhora do Rosário, como no aspecto histórico, com toda a gama de informações sobre a Amazônia.

Manaus, maio de 2022.