Pedro Lucas Lindoso
Uma
estagiária de uma empresa do Polo Industrial de Manaus perguntou à gerente de
Recursos Humanos se ela teria chances de ser efetivada na empresa. Foi-lhe dito
que possivelmente seria contratada, pois seu desempenho era bom. Mas que as
contratações dependiam não só do RH, mas também de decisão da diretoria.
A
estagiária então perguntou-lhe se, após a efetivação, quanto tempo levaria para
ser gerente. A resposta foi um sorriso enigmático. Tudo acontece em seu tempo.
Essa foi a breve resposta.
No
consultório do dentista ouvi um adolescente reclamar para o colega que ele não
havia repassado as fotos da festa do dia anterior. Lembro-me que naquela idade
levávamos uma semana para ter as fotos reveladas.
Antigamente,
pagava-se as coisas com cheque. Hoje, usamos dinheiro, cartão ou pix. Tudo mais
rápido que rapidamente.
De
acordo com Zygmunt Bauman, os tempos atuais são de “modernidade líquida”. A
sociedade atual seria marcada pela liquidez, volatilidade e fluidez.
O que
mais me preocupa é uma certa superficialidade e fragilidade dos relacionamentos
afetivos e sexuais. Ouvi de uma jovem bonita e “bem nascida”:
– Vou
logo me casar, ter meus filhos, me divorciar e começar a viver minha vida.
O
egocentrismo da moça é chocante. Na verdade, ela pensa em mercantilizar as suas
relações. Um individualismo anticristão e deplorável. Essa fragilidade nas
perspectivas de relações humanas sólidas só acaba gerando incertezas e medos.
Essa moça será vítima disso, com certeza.
A tal
modernidade líquida nos remete à água. Que não tem forma. É, portanto, de
incertezas. Como amazonense estou bastante preocupado com a Reforma Tributária.
Não se apresenta uma forma concreta para o modelo Zona Franca. Só há
incertezas.
Nós,
habitantes de Manaus e dependentes do sistema Zona Franca de Manaus, estamos
extremamente carentes de certezas.
E não é
só isso. Os amazonenses precisam de proteção e segurança. Sim, estamos com
medo. E com muitos e diferentes medos. Tememos não somente a violência urbana.
Temos medo das catástrofes naturais, como as recentes tempestades com
desabamentos e vítimas fatais. Os jovens temem o desemprego. Todos tememos as epidemias.
A covid ainda assusta. A dengue, malária, dentre outras.
Esperamos
em breve um modelo sólido e certo para nossa economia e para a Zona Franca. De
líquido, bastam nossos rios e nossa chuva.