Amigos do Fingidor

quinta-feira, 16 de março de 2023

A poesia é necessária?

 

O martelo

Manuel Bandeira (1886-1868)

 

As rodas rangem na curva dos trilhos

Inexoravelmente.

Mas eu salvei do meu naufrágio

Os elementos mais cotidianos.

O meu quarto resume o passado de todas as casas que habitei.

Dentro da noite

No cerne duro da cidade

Me sinto protegido.

Do jardim do convento

Vem o pio da coruja.

Doce como um arrulho de pomba.

Sei que amanhã quando acordar

Ouvirei o martelo do ferreiro

Bater corajoso o seu cântico de certezas.