Amigos do Fingidor

quinta-feira, 4 de maio de 2023

A poesia é necessária?

 

Poema vertigem

                                                 Roberto Piva (1937-2010)

 

Eu sou a viagem de ácido

nos barcos da noite

Eu sou o garoto que se masturba

na montanha

Eu sou o tecno pagão

Eu sou o Reich, Ferenczi & Jung

Eu sou o Eterno Retorno

Eu sou o espaço cibernético

Eu sou a floresta virgem

das garotas convulsivas

Eu sou o disco voador tatuado

Eu sou o garoto e a garota

Casa Grande & Senzala

Eu sou a orgia com o

garoto loiro e sua namorada

de vagina colorida

(ele vestia a calcinha dela

& dançava feito Shiva

no meu corpo)

Eu sou o nômade de Orgônio

Eu sou a Ilha de Veludo

Eu sou a Invenção de Orfeu

Eu sou os olhos pescadores

Eu sou o Tambor do Xamã

(& o Xamã coberto

de peles e andrógino)

Eu sou o beijo de Urânio

de Al Capone

Eu sou uma metralhadora em

estado de graça

Eu sou a pombagira do Absoluto