Amigos do Fingidor

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Curso de Arte Poética

Jorge Tufic
                  
 
                   PANTUM - Tipo de poema ESTRÓFICO, oriundo da Malásia e introduzido na literatura francesa por Victor Hugo; compõe-se de uma série de QUARTETOS, em que o segundo e quarto VERSOS de um vão ressurgir como primeiro e terceiro do seguinte, até ao último que termina com o VERSO inicial do poema. Olavo Bilac tem, em Sarças de Fogo, um PANTUM perfeito, que termina (ib):
 

Clarearam a extensão dos largos campos,
vinha, entre nuvens, o luar nascendo.
Fosforeavam na relva os pirilampos
e eu inda estava a tua imagem vendo. 

Vinha, entre nuvens, o luar nascendo:
a terra toda em derredor dormia...
E eu inda estava a tua imagem vendo,
quando passaste ao declinar do dia! 

                   TERÇA RIMA - Tipo de poema ESTRÓFICO usado por Dante na Divina Comédia e constituído por uma série de TERCETOS cujos VERSOS primeiro e terceiro rimam entre si e com o segundo da ESTROFE anterior, terminando a composição por uma linha final que se acrescenta ao último TERCETO  e que faz RIMA com o segundo VERSO dele, como na “Última jornada” em Americanas de Machado de Assis, que termina (ib): 

Lava os olhos na viva aurora pura
em que vê penetrar, já longe, aquela
doce, mimosa, virginal figura. 

Assim no campo a tímida gazela
foge e se perde; assim no azul dos mares
some-se e corre a fugidia vela. 

E nada mais se viu flutuar nos ares;
que ele, bebendo as lágrimas que chora,
na noite entrou dos imortais pesares,
e ela de todo mergulhou na aurora 

                   VILANELA – Tipo de poema ESTRÓFICO formado por uma série de TERCETOS em que há uma RIMA para os VERSOS primeiro e terceiro, e outra para o segundo, ligando todas as ESTROFES, até à última, que é aumentada de um quarto VERSO rimando com o segundo, como em “Chama e fumo” do livro A Cinza das Horas de Manuel Bandeira (ib):
 

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
o fumo vem, a chama passa... 

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder!
Amor - chama, e, depois, fumaça... 

Porquanto, mal se satisfaça,
(Como te poderei dizer?...)
o fumo vem, a chama passa... 

A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas, tem de ser...
Amor?...- chama, e, depois, fumaça:
o fumo vem, a chama passa...