Amigos do Fingidor

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Discurso para ninguém


Grace Cordeiro



Nada como caminhar nas curvas de uma bela e jovem mulher, e sobre ela, os dias, os poemas e os amigos.

Deitar-se no vinho ou num destilado para lubrificar as entranhas cansadas das mortes.

Nada como as velhas canções para suavizar as rugas por onde ficaram as mãos amantes.

De tudo, um respirar sem ilusão, ou com um pouco de ambição, mas quem sabe o que restará?

Talvez um fluido momento a ermo, uma árvore, um rio, uma rede.

Quem poderá dizer que essa aventura valeu a pena?

A tragédia das horas, pensar que tudo transcorre naturalmente.

A comédia, somos carne que o pensamento leva.

O silêncio para todos, o respeito para poucos.

Alegre selvageria, esse encontro definitivo com o tempo.