Amigos do Fingidor

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O Chile de Neruda 2/2


Tainá Vieira
 
 
 Culturas chilenas em Santiago

 
Santiago é uma cidade linda, limpa e cara, mas tem um povo hospitaleiro, uma culinária excepcional (tirando o abacate, influência do Peru) e uma cultura muito rica. Cheguei a Santiago exatamente à hora do almoço, e fui direto ao Mercado Central, conhecer o congrio, um peixe típico do Pacífico chileno. O congrio que degustei era frito, acompanhado de batatas fritas (bem amarelas), muitas rodelas de tomates bem vermelhos e pimentões bem verdes. Era um prato bonito e colorido. Como estava no Chile não poderia deixar de tomar uma boa taça de vinho. Pedi o da casa, um Chadornnay. Gostei do congrio, mas acho que ele perde para o nosso tambaqui. Já o vinho, gostaria de tomar uma taça todo dia.

O meu roteiro por Santiago era conhecer os pontos turísticos da cidade e só depois ir às cidades da costa (Viña del Mar, Valparaiso) e molhar os pés no oceano Pacífico. Um dos pontos mais badalados de Santiago é a Plaza de Armas, que fica no centro histórico. Lá há uma quantidade de bares, lojas e outros lugares interessantes para conhecer. Há monumentos históricos como a igreja Metropolitana de Santiago, construída no século XIX, o correio Central, o Museu Histórico Nacional. Pode-se chegar a Plaza de Armas de metrô. Aliás, Santiago tem cinco linhas de metrô, alcançando todos os lugares bacanas da área urbana. Há outras coisas interessantes para um turista conhecer nos arredores da Plaza de Armas, como os famosos café con piernas (bom para os homens). Há uma espécie plataforma na qual as garçonetes ficam mais altas e é possível visualizar suas pernas, vestidas em microssaias sensuais.  Há também casas de câmbio para trocar alguns reais por muitos milhares pesos chilenos. E de hora em hora há manifestações pacíficas – contra ou a favor de alguma coisa. Enfim, a Plaza de Armas é um mundo em Santiago.

Falando de reais e pesos, o turista brasileiro não pode se enganar: troca-se 1 real por 235 pesos chilenos (em média), mas não se compra nada com esse monte de pesos. Se os chilenos resolverem tirar três zeros de sua moeda, 1 real passará a valer 24 centavos de peso; e 1 dólar, 48 centavos. Quem é mais valorizado?  Uma água mineral varia de 850 pesos (na rua) a 2.500 pesos (no hotel). Faça as contas: de 3,60 a 10,65 reais. E quem vai a Santiago pensando em tomar muito vinho, desista. O vinho chileno é feito para exportação. Logo, o que se encontra é muito caro. Mas os chamados “vinhos da casa”, vendidos em taças com cerca de 200 ml, são invariavelmente bons e relativamente baratos: una copa sai por algo entre 2.000 e 5.000 pesos, dependendo do lugar. O que se vê nos bares, principalmente entre os jovens, é que o santiagueño gosta mesmo é de cerveja. Nesse item, aliás, eles preferem as importadas: brasileñas e americanas.

Outro lugar que todo turista precisa e deve conhecer em Santiago é o famoso Mercado Central.  É um mercado como outro qualquer, com uma imensa variedade de frutos do mar, peixes, restaurantes, empórios, pessoas, só que é em Santiago. A grande atração é a centolla, uma espécie de caranguejo gigante, que serve a duas pessoas e custa em torno de 80 mil pesos. Não dá pra comer centolla todo dia... O museu de Belas Artes de Santiago é grande e belo, cheio de esculturas lindas, quadros diferentes e significativos, vale a pena conhecer. Outro lugar famosíssimo em Santiago é o Pátio Bellavista, com entradas pelas ruas da Constitución e Pio Nono, no bairro Bellavista. Um point cultural e gastronômico. Lá se encontram grandes variedades de restaurantes com mostras de culinária do mundo inteiro. Pode-se comer peixes, massas, carnes. Beber pisco, vinho, cerveja – e até a nossa gloriosa cachaça. O restaurante pelo qual fiquei encantada foi o Como água para chocolate, que, como o filme e o livro de Laura Esquivel, também é mexicano. Não fica no pátio, mas do ladinho. O lugar é lindo, bem decorado, com um colorido no limite do kitsch, mas sem sê-lo. Comida deliciosa. Nesse restaurante paga-se muito, mas come-se e bebe-se bem.  No Pátio Bellavista há uma quantidade de lojas de artesanato. É imperdoável uma mulher ir a Santiago e não trazer de lá uma joia de lapis laluzi, uma pedra preciosa que só existe no Chile e no Afeganistão – pelo menos, foi o que me disseram. Mesmo sendo muito caro, vale a pena trazer uma lapis laluzi de lembrança. O Parque Arauco é “o” shopping da cidade. Imenso e com muitas variedades de lojas, chamou-me a atenção o fato do lugar ser um point gastronômico: em vez das indefectíveis fast-food, como no Brasil, lá predominam grandes restaurantes. É difícil até escolher onde almoçar.  Mas antes de conhecer tudo isso é necessário fazer um city tour pela capital chilena. A partir daí fica mais fácil para o turista saber ao certo os lugares que se deve conhecer. E, é claro, é uma sensação única, você percorrendo Santiago do Chile, sentido a brisa daquela cidade no rosto, gastando pesos chilenos aos milhares: é como se sentir rainha em terra alheia.
 
Fotos: Tainá Vieira.
 
Parreira da vinícola orgânica Emiliana, no Vale Casablanca.

A cordilheira dos Andes, a 3.000 metros.