Amigos do Fingidor

terça-feira, 24 de março de 2015

Pessoa física ou jurídica?



Pedro Lucas Lindoso

O município de Lábrea, no Amazonas, fica na calha do rio Purus, no sul do estado. É por lá que termina a Transamazônica e onde nasceu o Dr. Zequinha. Dr. Zequinha Nassif é neto de árabes. Herdou a lábia do avô e a esperteza do pai. Formado advogado aqui mesmo em Manaus, especializou-se em Direito do Trabalho. Seu escritório é sempre perto do Fórum Trabalhista. Quando o fórum era na Praça 14, lá estava o seu QG. As varas do trabalho mudaram-se para a Djalma Batista. Muda-se também o escritório do Dr. Zequinha. Agora, o fórum está no Centro, na Rua Ferreira Pena. Zequinha Nassif alugou uma sala lá por perto. É mais fácil, diz ele. Evita-se trânsito. Facilita a captação de clientes reclamantes e economiza-se. Zequinha é econômico. Pão duro é um adjetivo muito forte para o respeitável causídico.
Dr. Zequinha contratou o pintor Francisco das Chagas para renovar as paredes do novo escritório. Conhecido por Chaguinhas da Compensa, o pintor foi indicado e bem recomendado por um colega militante na Justiça do Trabalho.
Zequinha explicou ao pintor que quem o estava contratando não era ele, pessoa física, mas a pessoa jurídica – J. NASSSIF ADVOCACIA.
Chaguinhas argumentou que trabalha para pessoa jurídica, pessoa médica, pessoa engenheira e até pessoa empresária, desde que lhe pague.
Nassif riu-se e deu uma pequena aula de Direito explicando a diferença entre pessoa física e pessoa jurídica. Chaguinhas fez cara de que havia aprendido a lição para não perder o serviço. Preço ajustado em R$2.000,00. Mil de entrada e o resto em 30 dias. A sala ficou uma beleza, bem pintada. Dr. Zequinha, satisfeito com o serviço deu ao Chaguinhas os mil reais e disse-lhe que voltasse em trinta dias para receber o resto.
Passado um mês, Chaguinhas retornou ao escritório. Era uma segunda-feira chuvosa. Os reclamantes haviam faltado às audiências e Zequinha Nasssif não entabulou sequer um acordo naquele dia. Pediu ao Chaguinhas que voltasse na quarta-feira. Quem ia lhe pagar não era ele, era a pessoa jurídica. Como já havia lhe explicado.
Na quarta-feira o Chaguinhas foi, novamente, cobrar seu serviço. Dr. Zequinha explicou-lhe, mais uma vez, que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física.
Chaguinhas foi enfático. Ou a pessoa jurídica me paga ou a pessoa física vai levar uma surra dos meus amigos da FDN – Família do Norte.
Dr. Nassif, pessoa física, deu seu jeito e quitou a dívida. Na mesma hora!