Amigos do Fingidor

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Carta aberta ao presidente da Academia Amazonense de Letras




Manaus, 10 de agosto de 2015

Caro Armando,

Ao longo de 19 meses, trabalhamos para colocar a quase centenária AAL no centro dos debates e realizações culturais de Manaus. Os planos eram muitos, mas as limitações foram maiores. Além de lançamentos de livros e eventos do calendário ordinário, conseguimos emplacar o Sábado na Academia, com as séries sobre os Patronos (17 palestras); Augusto dos Anjos em dois tempos (2 palestras); Márcio Souza, o mostrador da derrota (4 palestras); O pensamento amazônico (3 palestras); 60 anos do Clube da madrugada (3 palestras); A Amazônia na visão dos viajantes (5 palestras); e Arte em tese (4 palestras). A partir de maio deste ano, com a doação pelas famílias Benchimol/Minev de um piano, promovemos o Sarau na Academia, que bateu recordes de público nas suas três edições, sendo que à mais recente, realizada no último 5 de agosto, compareceram mais de 140 pessoas.

Tudo isso foi feito, meu caro, sem que a Academia tivesse qualquer dispêndio. Para tal, contamos com a colaboração de acadêmicos, escritores, professores da UFAM, da UEA e da Uninorte, além de artistas ligados à música, ao canto lírico e ao teatro. Todos, profissionais da mais alta qualificação.

Por esse motivo, causou-me espanto e profunda decepção ver estampado no folder da 4ª série dos patronos as logomarcas da SEC e da ManausCult – acompanhadas da informação de que todos os eventos da Academia deverão, de ora em diante, estampar as referidas logos.

As subvenções que a AAL recebe desses órgãos destinam-se ao custeio da instituição. Associar essas subvenções a eventos onde os profissionais participam de forma voluntária é tripudiar sobre os eventos e sobre os profissionais, que, ao aceitarem nossos convites, o fazem para a Academia e não para aqueles órgãos, que promovem megaeventos, pagando muito bem por eles.

Lembro que no dia 31 de março do ano passado, organizamos, em conjunto com a ManausCult, um debate memorável intitulado 50 anos do golpe militar. Coube ao citado órgão, devidamente referenciado no folder de divulgação, organizar o coquetel.

Assim, meu caro, sem colocar em jogo nossa amizade que já se estende por mais de uma década, e pelo respeito que tenho a você, por sua trajetória de vida, sirvo-me desta para desligar-me, em caráter definitivo e irrevogável, da função de Diretor de Eventos, que exerço pela segunda vez e que muito me honra.

Desejo sucesso na continuidade dos eventos, colocando-me à disposição para colaborar no que for possível.

Renovando meus votos de consideração e apreço, sou



Zemaria Pinto