Pedro Lucas Lindoso
Um jovem me pergunta a origem da
expressão PT SAUDAÇÕES. Digo-lhe que no século passado, a ECT – Empresa de
Correios e Telégrafos ganhou rios de dinheiro com telegramas.
Decreto de 1895, de Prudente de Moraes,
concedeu 30 anos de exclusividade ao Sir Richard J. Reidy, representante da Amazon
Telegraph Company. Isso, nos áureos tempos da borracha. Também com grandes
lucros. Nesse caso, para os súditos do Império Britânico.
Quando não havia computadores
pessoais, nem internet, nem e-mails, ou WhatsApp, a comunicação mais rápida e
urgente era feita por telefone ou por telegramas.
Aprendia-se, no antigo Ginásio, hoje ensino
fundamental, a fazer redação, composição, carta comercial e telegramas. Fui
ensinado que não se usava preposição nem pontuação em telegramas. Ponto era PT,
vírgula, VG. Exemplo de telegrama comercial urgente: DIRETOR VISITARÁ MANAUS PT
AVISAR MOTORISTA VG SECRETARIA PT SAUDAÇÕES. (Nessa época o Partido dos Trabalhadores
nem existia).
Era muito comum e de bom tom,
enviar telegramas de felicitações em aniversários, casamentos e bodas. Principalmente por se morar em outra cidade.
Era também usual enviar
telegramas de pêsames. Aderson de Menezes, amigo irmão de meu pai e meu
padrinho, faleceu em Brasília. Há mais de 40 anos. Lembro-me de tia Lúcia
Menezes, auxiliada por minha mãe, sua comadre, abrindo dezenas e dezenas de
telegramas de pêsames. Ambas em lágrimas. Os telegramas eram em sua maioria
vindos de Manaus. Aderson de Menezes, jurista emérito, foi o primeiro reitor da
Federal do Amazonas.
Hoje as famílias enlutadas
recebem condolências por e-mail, via facebook ou WhatsApp.
Minha filha casou-se recentemente.
Recebeu um único telegrama de uma amiga minha de Brasília. Para espanto de meu
genro que nunca havia recebido mensagem por essa “rede social” chamada
telegrama.
Terminando as explicações ao
jovem midiático do século XXI, disse-lhe que, antigamente, bem antes do partido
político existir, quando se queria terminar um assunto, uma conversa, dizia-se:
PT SAUDAÇÕES.