Pedro Lucas Lindoso
Fui estudante de intercâmbio nos Estados Unidos, ainda
adolescente. Retornei como jovem adulto, já formado, usando paletó e gravata.
Fiz parte de uma comitiva em visita ao Banco Mundial, em Washington. Ainda no
aeroporto, faço uma pergunta e alguém me responde:
– Yes, sir.
Na minha primeira visita à terra do Tio Sam eu era um
adolescente. E como tal era tratado. Aquele “yes, sir” me ensinava que
definitivamente não era mais um garoto. Estava no mundo dos adultos. Aquilo era
um fato irreversível.
Naquela época estava
recém-casado. Lembrei-me que no dia do casamento, após a cerimônia, eu
procurava por minha noiva no salão, quando alguém me alertou. Não era mais
minha noiva, era minha esposa!
Quando os filhos nascem e começam a nos chamar de pai é uma
alegria imensa. Só suplantada quando a linda netinha nos chama carinhosamente
de vovô.
No Brasil o tratamento mais usual entre adultos é senhor e
senhora, além de você. Os gaúchos não usam muito você e sim o tu. Nem sempre
com a correta concordância.
Em Inglês temos o democrático “you”, além do já citado “yes,
sir” para homens e “yes, ma’am”, para as senhoras. Vem do francês, madame.
Entre autoridades, políticos e magistrados usa-se o
“excelência”. Ouvi dizer que querem abolir esse tratamento no Brasil, por
decreto. Todos seriam senhores e senhoras. Bobagem! Não se mudam usos e
costumes por lei.
Aqui no Amazonas usa-se querido e querida, amado e amada, sem
que as pessoas tenham a intimidade necessária para tal. Além dos carinhosos
mana ou manazinha e mano ou mano velho.
Em todo o país, adolescentes e jovens adultos costumam usar
tio e tia para os mais velhos. Às vezes usa-se tiozinho ou tiazinha com
deboche. Como costumam usar “querida” ou “querido” com ironia ou desrespeito.
Antigamente, os idosos eram carinhosamente chamados de
velhinhos ou velhinhas. Hoje vejo muito o uso de senhorinha e senhorzinho para
os da terceira idade. Dia 1º de outubro
foi o Dia do Idoso. Alguém me disse:
– Parabéns, idoso.
Não me importei. Minha avó dizia que quem escapa da velhice a
vida lhe custa.