Zemaria Pinto
ai, que já me arde a
febre do desejo
volúpia de te ver, tocar,
amavelmente
no ritual cotidiano das
tardes mais banais
como não sonhar com teu
colo pálido
e a sarda que se espalha
pelo teu braço infinito?
as minas de rosáceas do
teu peito
espalham nervos na sala
entorpecida
pela pressa de chegar de
onde se vem
sempre – cotidianamente
a carne dos teus lábios
roçagando minha barba por
fazer
a língua desfaz-se em
fogo
adivinhando tua língua de
silêncios
meu coração delira preces
pagãs
a palavra – um convite?
um carinho?
desaba dentro de mim
borboleta abatida a
escopeta
um helicóptero sobre
minha cabeça
cavalga walkírias &
fúrias
fim do expediente
(amor? amor um cacete
você não existe
o tesão não resiste
você não precisa saber
que a vida não vale nada
sem você!)