Amigos do Fingidor

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Cérebro: elo entre evolução e consciência 1/2



João Bosco Botelho


Ao longo do processo de transformação, caminhando em diferentes trilhas, o homem e a mulher têm procurado a natureza das próprias consciências.
Existe farta evidência de que desde os primeiros registros escritos, em torno de 4.000 anos, a busca foi articulada em duas dimensões: sagrada, sagrando a todos e a tudo; profana, entendendo a ressonância das ideias na realidade mensurável.
No espaço sagrado, a divindade passou a ser a força motriz de todos os sentimentos. A vontade divina exercendo o papel de dominadora das emoções, restando aos homens e às mulheres cumprir fielmente o determinismo inexorável, vindo do céu, obedecendo às ordens dos representantes na terra do poder transcendente, e agradecer, com oferendas e ritos de louvor, a vida vivida.
Na dimensão profana, situada à margem do sagrado, procurando entender o visível mensurável, as pessoas iniciaram a longa busca para conhecer o próprio corpo escondido atrás da pele como primeiro momento para saber porque chorava, ria, amava e odiava.
O esforço coletivo e milenar tem se mostrado árduo, pleno de avanços e recuos, indicando o conflito de competência entre os dois espaços, para desfazer as dúvidas e seduzir pelo convencimento.
Desse modo, são claras as sucessivas tentativas, quase sempre no sentido do sagrado ao profano, de utilizar o naturalmente observável para legitimar o imaginado. Uma das estratégias tem sido a sagração de uma parte do corpo, transformando-a no centro, para facilitar a comunicação com a divindade.
As recentes interpretações dos registros arqueológicos mesopotâmicos mostram com bastante clareza que o fígado foi escolhido por aqueles povos como a porção mais importante do homem. Para os babilônios antigos, os sentimentos que dirigiam a vida estavam localizados na estrutura hepática.