Amigos do Fingidor

terça-feira, 24 de julho de 2018

Tranquilo que nem um grilo



Pedro Lucas Lindoso


Convivo com jovens. Melhor, com aqueles que se tornaram adultos há pouco tempo. A minha geração é aquela dos que nasceram pós-segunda guerra. Não havia roupa de marcas e “herdava-se” um casaco, algumas roupas, livros e material escolar dos irmãos mais velhos. As famílias eram de muitos filhos. Hoje quem tem mais de um casal de filhos é excêntrico.
“De boa na lagoa”, me diz um jovem profissional, que se recusa a casar numa idade em que já tinha meus dois filhos. Hoje muitos não precisam se apressar para casar. Namorar hoje em dia é como, dizem, “suave na nave”.
No tempo em que se dizia: “É uma brasa, mora”. Namorava-se. Mas o namoro com meninas de família tinha limites. Namorava-se, como diz meu amigo advogado, o Dr. Chaguinhas, “lato senso”. Para se namorar “estrito senso”, segundo o Chaguinhas, tinha que casar, ou pelo menos ficar noivo.
Essa nova geração parece bem mais preparada. Do ponto de vista das habilidades é capaz de usar “high tech” com facilidade. Encontraram desde jovenzinhos acessos facilitados à cultura e bons colégios. Aprendem línguas em cursos multimídia.  Conhecem lugares do mundo em viagens de intercâmbio e em férias, que outras gerações morreram sonhando em ir por lá.
Mas parece que estão sempre com pressa. Antigamente esperávamos uma semana para ter fotos reveladas. Mas agora tudo é mais fácil. Talvez alguns achem que a vida é mesmo muito fácil.
Mas não é. Ninguém nasce herdando toda a felicidade do mundo. Os problemas do cotidiano fazem parte da vida. Não precisa acreditar que a vida é “um vale de lágrimas”, mas não se pode auto enganar-se de que estamos longe de sofrimentos e dor.
Todos nós temos que conquistar as coisas com muito trabalho e muita coragem. Sem esquecer de que as conquistas devem e precisam ser pautadas em princípios éticos, em exercícios diários de cidadania. De preferência buscando sempre o caminho da honestidade.
É ótimo estar “de boa na lagoa”. Quem não gosta?! “Suave na nave”, então, é maravilhoso. Mas infelizmente não se vive o tempo todo “tranquilo que nem um grilo”. Infelizmente.