Amigos do Fingidor

domingo, 19 de agosto de 2018

Manaus, amor e memória CCCLXXXII


Publicado no Jornal do Commercio, Manaus, 26 de maio de 1955.
Pesquisa: Roberto Mendonça.

Walquíria Líquida
(À Cerveja)
Farias de Carvalho
(do Clube da Madrugada)

Para o Coronel Costa Lima, com as continências do estilo.


Loira, como as auroras e os trigais;
pura, como o romance que há nos ninhos;
és a chave de todos os caminhos,
princesa dos pecados noturnais.

E quando espumas, fulva, nos cristais,
rendados de topázios e de arminhos,
tens o sabor de espasmos e carinhos,
deusa pagã das minhas bacanais.

Fazes parte de mim. Serenamente,
as fronteiras do real venço e transponho,
quando me entrego a ti, avidamente.

E, teus amantes, dormem em ti submersos
os sonolentos cisnes do meu sonho
e os bordados doirados dos meus versos!


Obs1: Peço perdão ao querido Farias, por mexer na pontuação do poema: espero estar corrigindo não o poeta, mas o sacana do linotipista, que, sob o efeito de umas Walquírias, trocou os tipos.

Obs2: esse primeiro terceto é uma obra-prima!