A Nova República
Farias de Carvalho (1930-1997)
Vou começar a construir
meu mundo.
Este, que não suporto, me
asfixia.
Os olhos já se cansam de
assistir
à mecânica dança dos
bonecos.
Um botão, e o sorriso
encomendado
rasga a máscara fria do
fantoche.
Outros botões, e
seguem-se outros gestos
na estúpida intenção
preconcebida.
Por isto eu quero um
mundo. Hei de cercá-lo
com a alta tensão da
sensibilidade
da Poesia inquilina do
meu sangue.
Nele entrarão apenas os
eleitos,
os que apanham as
estrelas como rosas
e as dependuram, vivas,
sobre o peito!