Amigos do Fingidor

terça-feira, 16 de abril de 2019

Apelido. Se der corda, pega...



Pedro Lucas Lindoso


Apelido é como relógio antigo: se der corda, pega. Nós, amazonenses, acho que até por razões inexplicáveis e culturais, gostamos de apelidar as pessoas. Principalmente políticos.
Quem é gordinho é sempre apelidado de balão, bolinha ou botijão de gás. O importante é não dar bola. Os altos e magros são varapaus. Os baixinhos são tampinhas. Os muito brancos são macaxeira. E por aí vai. A imaginação para apelidos é muito fértil entre os amazonenses.
Não se pode confundir apelidos com pseudônimos. Muito usados em concursos literários e entre escritores. Os editais exigem o pseudônimo para preservar a imparcialidade dos julgadores. Um amigo participou da banca de um concurso literário na cidade. Houve nove candidatos que escolheram “curupira” como pseudônimo. Todos desclassificados. Se o curupira faz os caçadores se perderem na floresta, na cidade faz os escritores perderem concursos literários.
A alcunha tem um valor depreciativo e é definida a partir de uma característica particular, física ou moral. Já o codinome geralmente é para designar disfarce ou nomes de subversivos. Vem do inglês “code name”.  Aliás, na internet tem se usado também o anglicismo “nickname”. Especialmente em sites de bate papo, visando o anonimato.
Por falar em anonimato, não há artigo da Constituição Federal mais violado do que o inciso IV do artigo 5º, pelo qual é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Ora, em tempos de internet e “fake news”, não se vê outra coisa do que acusações anônimas. A honra dos famosos, políticos e celebridades é jogada na lata de lixo sem dó ou piedade.
Antigamente, os políticos e famosos eram vítimas de cartas anônimas. O mundo não muda tanto assim. Como filho de político, vi minha mãe indignada com essas cartas. Mau caratismo não surgiu com a internet. Podem acreditar.
Os políticos e celebridades que se importam com apelidos e sofrem muito com críticas devem deixar a vida pública. E, como Greta Garbo, pedir para ser esquecido. Para ficar só.
Um deputado do PT chamou um ministro do atual governo de “tchutchuca”. O ministro revidou. Deu corda. Não deveria. Como já disse, apelido é como relógio antigo, se der corda, pega.