Amigos do Fingidor

terça-feira, 2 de abril de 2019

Esse tal de equinócio



Pedro Lucas Lindoso


Termina o mês de março. Antônio Carlos Jobim, em sua magistral canção, avisa que: “são as águas de março fechando o verão. É a promessa de vida no teu coração”.
Houve muita chuva neste ano, como sempre. O sertanejo nem precisou esperar o dia de São José, celebrado dia 19 de março, para ter chuva abundante. A festa do santo, pai do Menino Deus, é sempre às vésperas do equinócio de outono no Brasil.
O equinócio ocorre duas vezes no ano, em março e em setembro. No equinócio, ambos os hemisférios da Terra encontram-se igualmente iluminados pelo Sol. Ou seja, o dia e a noite têm 12 horas. São dias aequus que significa igual em Latim. Nox significa noite. Temos o aequus nox. Noites iguais.
Observo que nem todos têm noções básicas de Geografia. Confundem as estações do ano com conceitos de clima. Nós, amazonenses, temos conhecimento do que é fuso horário, por uma questão de sobrevivência. Muitos brasileiros do sudeste não sabem que no verão nosso horário difere em duas horas. Há “call centers” que nos perturbam a partir das 6 da manhã.
A geografia sempre foi valorizada pelos amazonenses. Precisamos conhecer as estrelas e os pontos cardeais. É fundamental saber localizar-se nas florestas e nos rios. O Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas – IGHA dá precedência à Geografia em sua denominação. Diferente de outros similares, inclusive do pioneiro e balizador IHGB – Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, fundado em 1838, onde a História precede a Geografia. Prestigiado por Pedro II, o IHGB foi inspirado no Institut Historique, de Paris.
Criado por maçons em 1917, o nosso centenário IGHA certamente recebeu a influência marcante de seus fundadores, “experts” em Geografia e Geometria, posto que eram originariamente os construtores dos templos medievais.
Mas a falta de escolaridade formal parece ser epidêmica no nosso país. Somos vergonhosamente desprovidos de políticas educacionais efetivas.
Perguntaram-me quem era esse tal de equinócio. Lembrei-me de Sonia Campos, grande amiga e professora de Geografia. Um aluno perguntou-lhe quem havia tocado fogo no vulcão.
Deve ter sido esse tal de equinócio.