Pedro Lucas Lindoso
Termina o mês de março. Antônio Carlos Jobim, em sua
magistral canção, avisa que: “são as águas de março fechando o verão. É a
promessa de vida no teu coração”.
Houve muita chuva neste ano, como sempre. O sertanejo nem
precisou esperar o dia de São José, celebrado dia 19 de março, para ter chuva
abundante. A festa do santo, pai do Menino Deus, é sempre às vésperas do
equinócio de outono no Brasil.
O equinócio ocorre duas vezes no ano, em março e em setembro.
No equinócio, ambos os hemisférios da Terra encontram-se igualmente iluminados
pelo Sol. Ou seja, o dia e a noite têm 12 horas. São dias aequus que significa igual em Latim. Nox significa noite. Temos o aequus
nox. Noites iguais.
Observo que nem todos têm noções básicas de Geografia.
Confundem as estações do ano com conceitos de clima. Nós, amazonenses, temos
conhecimento do que é fuso horário, por uma questão de sobrevivência. Muitos
brasileiros do sudeste não sabem que no verão nosso horário difere em duas
horas. Há “call centers” que nos perturbam a partir das 6 da manhã.
A geografia sempre foi valorizada pelos amazonenses.
Precisamos conhecer as estrelas e os pontos cardeais. É fundamental saber
localizar-se nas florestas e nos rios. O Instituto Geográfico e Histórico do
Amazonas – IGHA dá precedência à Geografia em sua denominação. Diferente de
outros similares, inclusive do pioneiro e balizador IHGB – Instituto Histórico
e Geográfico do Brasil, fundado em 1838, onde a História precede a Geografia.
Prestigiado por Pedro II, o IHGB foi inspirado no Institut Historique, de
Paris.
Criado por maçons em 1917, o nosso centenário IGHA certamente
recebeu a influência marcante de seus fundadores, “experts” em Geografia e
Geometria, posto que eram originariamente os construtores dos templos
medievais.
Mas a falta de escolaridade formal parece ser epidêmica no
nosso país. Somos vergonhosamente desprovidos de políticas educacionais
efetivas.
Perguntaram-me quem era esse tal de equinócio. Lembrei-me de
Sonia Campos, grande amiga e professora de Geografia. Um aluno perguntou-lhe
quem havia tocado fogo no vulcão.
Deve ter sido esse tal de equinócio.