Amigos do Fingidor

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Arroz de festa: #fiquememcasa

 

Pedro Lucas Lindoso

  

A tia Idalina não se serve de arroz antes de colocar qualquer outra coisa no prato. O motivo? Pura superstição. Diz ela que arroz é comida de gente pobre e produzido em larga escala em países pobres. Para não desrespeitar titia, guardei o comentário para mim. Quanta bobagem!

O fato é que o arroz, ou melhor, o preço do arroz, tem ocupado a mídia, escrita, televisionada e todas as outras chamadas mídias sociais.

Incrível a imaginação dos brasileiros para fazer piada em situações de conjuntura política, econômica e social. Um craque nisso foi o escritor, cronista e humorista brasileiro chamado Sérgio Porto. Usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Famoso nos anos de 1960 com o livro Febeapá – O Festival de Besteira que assola o país. Ponte Preta está fazendo falta.

Como eu tenho a minha querida tia Idalina, Sergio Porto tinha a tia Zulmira. Carioca, Zulmira teria sido cozinheira da coluna Prestes e namorada de Charles Darwin. Ah! Foi também colega de Albert Einstein. Tia Idalina obviamente não supera a tia Zulmira, nem em fama nem em curriculum, mas, modéstia à parte, chega perto.

Voltemos ao preço do arroz. Há os que justificam a crise culpando os responsáveis pela desocupação dos produtores de arroz da Raposa Terra do Sol. O governo explica que com a safra catarinense de janeiro vai normalizar.

Para tia Idalina a questão do aumento do preço tem um culpado. É o tal de “arroz de festa”. Como se sabe, chama-se de “arroz de festa” à pessoa que se faz presente em todas as festas. Ou mesmo quem comparece ou está em todos os lugares ao mesmo tempo.

Tia Idalina, mesmo não tendo sido companheira de Einstein como tia Zulmira, tem um raciocínio lógico espetacular. Insiste em culpar o aumento do preço do arroz ao tal “arroz de festa”. E explica:

Mesmo sabendo que o corona ainda circula pelo planeta, o “arroz de festa” saiu da quarentena. Como é de seu feitio, começou a ir em todas as festas, bares, shoppings, praias e aglomerações diversas.

O óbvio aconteceu. O “arroz de festa” espalhou o corona por onde passou. Aumentou o número de infectados e ainda subiu de preço. Titia tem apelado para todo “arroz de festa”:

#FIQUEM EM CASA!