Pedro Lucas Lindoso
A tia
Idalina não se serve de arroz antes de colocar qualquer outra coisa no prato. O
motivo? Pura superstição. Diz ela que arroz é comida de gente pobre e produzido
em larga escala em países pobres. Para não desrespeitar titia, guardei o
comentário para mim. Quanta bobagem!
O fato
é que o arroz, ou melhor, o preço do arroz, tem ocupado a mídia, escrita,
televisionada e todas as outras chamadas mídias sociais.
Incrível
a imaginação dos brasileiros para fazer piada em situações de conjuntura
política, econômica e social. Um craque nisso foi o escritor, cronista e
humorista brasileiro chamado Sérgio Porto. Usava o pseudônimo de Stanislaw
Ponte Preta. Famoso nos anos de 1960 com o livro Febeapá – O Festival de
Besteira que assola o país. Ponte Preta está fazendo falta.
Como eu
tenho a minha querida tia Idalina, Sergio Porto tinha a tia Zulmira. Carioca,
Zulmira teria sido cozinheira da coluna Prestes e namorada de Charles Darwin.
Ah! Foi também colega de Albert Einstein. Tia Idalina obviamente não supera a
tia Zulmira, nem em fama nem em curriculum, mas, modéstia à parte, chega perto.
Voltemos
ao preço do arroz. Há os que justificam a crise culpando os responsáveis pela
desocupação dos produtores de arroz da Raposa Terra do Sol. O governo explica
que com a safra catarinense de janeiro vai normalizar.
Para
tia Idalina a questão do aumento do preço tem um culpado. É o tal de “arroz de
festa”. Como se sabe, chama-se de “arroz de festa” à pessoa que se faz presente
em todas as festas. Ou mesmo quem comparece ou está em todos os lugares ao
mesmo tempo.
Tia
Idalina, mesmo não tendo sido companheira de Einstein como tia Zulmira, tem um
raciocínio lógico espetacular. Insiste em culpar o aumento do preço do arroz ao
tal “arroz de festa”. E explica:
Mesmo
sabendo que o corona ainda circula pelo planeta, o “arroz de festa” saiu da
quarentena. Como é de seu feitio, começou a ir em todas as festas, bares,
shoppings, praias e aglomerações diversas.
O óbvio
aconteceu. O “arroz de festa” espalhou o corona por onde passou. Aumentou o
número de infectados e ainda subiu de preço. Titia tem apelado para todo “arroz
de festa”:
#FIQUEM EM CASA!