Pedro Lucas Lindoso
Domingo.
Recebemos a visita de nossa netinha Maria Luísa. Durante a quarentena ficamos
quase cinco meses sem contato. A recente revisão das medidas restritivas parece
que aliviaram as saudades dos avós. Com
o uso de máscaras e sem aglomerações os netos foram liberados para visitar-nos.
Um alívio relativo. As preocupações com o contágio do terrível corona
continuam. E não se pode relaxar.
A
escola de minha neta Maria Luísa reabriu obedecendo a todas as normas
sanitárias. Uso de máscara, distanciamento e álcool em gel. E ainda há um
rodízio de alunos. Mas até quando?
Em
princípio parecia temerário o retorno. Mas para a Maria Luísa acho que foi um
ganho. Principalmente no seu psicológico. Há que se priorizar a saúde, sem
dúvida. Evitar-se o contágio. Mas o aspecto de saúde mental não pode ser
negligenciado.
Maria
Luísa mora em casa espaçosa, com piscina e tem a atenção constante de adultos
responsáveis. Mas sentia falta dos amiguinhos. Voltar às aulas foi bom. E o
fato de poder visitar os avós eventualmente trouxe a ela a sensação de que a
pandemia havia terminado.
Uma
jovem mãe que está em teletrabalho confessou no grupo de whatsapp que se sente
culpada ao brincar com os filhos. Simplesmente porque acha que deveria estar
trabalhando. Entretanto, quando está trabalhando, acha que deveria estar com os
filhos.
O
importante é os pais não transmitirem tanta ansiedade para as crianças nestes
tempos tão complicados. Maria Luísa é privilegiada nesse aspecto.
Nossa
conversa de domingo girou em torno das festinhas de aniversário. Maria Luísa
teve a sorte de fazer anos em fevereiro. Sua festinha foi antes da pandemia. O
tema foi a princesa Ariel e companhia.
Uma festa muito bonita e Maria Luísa irradiava felicidade.
Acostumada
a ir a aniversários temáticos, tem sentido falta. E comentou:
– Sinto
falta de brincar em festas com meus amigos. Festa no computador não tem graça.
A gente não brinca junto, não corre, não se diverte. E questionou:
– Vovô,
esse corona já foi embora ou não? Disse-lhe que infelizmente “ele” ainda estava
por aí. No que ela perguntou:
– Mas
até quando, vovô?