Quizás, quizás, quizás
Zemaria Pinto
Talvez
é uma palavra terrível, na sua carga de incerteza e desesperança. É mais cruel
que o não, mais dolorido que o silêncio. Enquanto isso, passas de mão em mão,
borboleteando pela pista de dança, e eu me perguntando, humilhado: quando? Chegada
a minha vez, esperando a pergunta de sempre, me encontras de olhos baixos e
lábios trêmulos, balbuciando a mesma resposta. Entre a tua insegurança e o meu
desespero, o nosso tempo se esvai na vertigem de mais uma madrugada perdida.
Quizás,
quizás, quizás
(1947), de Oswaldo Farrés (Cuba, 1903-1985). Bolero.
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