La barca
Zemaria Pinto
A vida
é uma sucessão de chegadas, desencontros e partidas. Nosso ciclo se fechou.
Agora, sou um porto deserto na escuridão da tua ausência. Enquanto o teu navio segue
em busca de outros portos – eu, uma ilha perdida, fora do mapa, olho o oceano
deste copo e nele mergulho sem pressa, sorvendo cada gota como se fora a última
boca. As horas avançam e logo o sol se acenderá. É quando sinto que a distância
agrava mais e mais a dor da lembrança de quem dela se torna o mais canalha dos
servos.
La barca
(1950), de Roberto Cantoral (México, 1935-2010). Bolero.
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