Jorge Tufic
Diante
de alguns impasses que mudaram os focos de leitura, chegamos a considerar que a
única saída para o consumo imediato de poesia, segundo a teoria PROCESSO, com
“a técnica já criando nova linguagem universal”, é a semiótica. Aqui, a
funcionalidade informacional “é mais importante do que a funcionalidade estética”;
e o fato de encarar ou não os objetos-poema como poesia, torna-se uma questão
secundária ante a eficiência de construir sempre novas estruturas baseadas em
cada nova experiência. “O poeta procura letras nos objetos”, escreve Wladimir
Dias-Pino, em cujo livro, “Processo: Linguagem e Comunicação”, divulga as
inúmeras opções e/ou operações de montagem dialética, aproveitando, com isso,
um vasto laboratório de consumo e codificações extraídas ao cotidiano, prosaico
ou poetizável. Decerto foi este o último movimento de vanguarda na poesia
brasileira, projetando-se além do ideograma dos concretistas e do pop. Numa só
frase: “o lúdico transformando em didático/consumo popular.”
Considerar,
acreditar, para entender. Em última análise, há um longo caminho percorrido
entre a inquietação lógico-verbal e o poema visual, gustativo, manipulado ou
descartável. Os intervalos de crise dizem menos respeito à poesia do que ao
suporte. As artes plásticas nos dão este exemplo, guardadas as devidas
proporções. Pois é na poesia que o vivente das coisas se depara com maior
desafio, quando a maioria dos recursos tradicionais foram praticamente
exauridos no uso e no abuso da imagética, na orgia embriagadora de que pouco se
aproveita no cômputo geral. Para nós, contudo, desde que a poesia não seja o
assunto do poema, nem deixe transparecer, tanto quanto possível, dicotomia com
a prosa, distinguindo-se desta pela crispação daqueles significados paralelos
de que nos falam os semiólogos, qualquer forma utilizada pelo poeta deve ser
respeitada e avaliada pela crítica. Afinal de contas não será a palavra, o
logos, a única alternativa de sobrevivência na voragem de um mundo
racionalmente explicado?